General angolano acusado de financiar tráfico de mulheres

O Ministério Público Federal do Brasil divulgou hoje a denúncia a Bento dos Santos 'Kangamba', sobrinho por afinidade do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, como o principal financiador de uma rede de tráfico de mulheres brasileiras.
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Na denúncia feita pela Promotoria e aceite pela Justiça Brasileira, Bento dos Santos 'Kangamba' é acusado de ter cometido quatro crimes: associação criminosa, favorecimento da prostituição, tráfico internacional de pessoas e cárcere privado.

O suspeito teve seu nome incluído na "difusão vermelha" de procurados pela Interpol (polícia internacional criminal) e pode ser preso se for ao Brasil. Além dele, outro angolano, Fernando Vasco Republicano, responde pelos mesmos crimes, divulgou hoje o Ministério Público brasileiro.

'Kangamba' negou as acusações, segundo um despacho da agência angolana Angop que cita fonte oficial não identificada, afirmando que não recebeu nenhuma notificação policial sobre o caso e que nunca "manteve quaisquer contactos nesse sentido com cidadãos dos países mencionados".

Esta não é a primeira vez que o nome do empresário aparece nas páginas dos jornais internacionais, que o dão como envolvido em casos de polícia: em junho, foi também notícia em França por envolvimento numa investigação em curso sobe a posse de elevadas quantias de dinheiro não declarado, e nesse mesmo mês foi também noticiado que comprou uma casa no mesmo condomínio privado do futebolista português Cristiano Ronaldo, em Madrid.

A Lusa tentou contactar o empresário, mas sem sucesso.

A investigação da Polícia Federal Brasileira aponta que o grupo, que tinha membros angolanos e brasileiros, levava cerca de sete brasileiras por mês para se prostituírem durante uma semana em Angola, Portugal, África do Sul e Áustria, em troca de pagamentos entre 10 mil dólares (7.290 euros) e 100 mil dólares (72,9 mil euros).

Segundo o Ministério Público Federal brasileiro, eram usados os nomes de um grupo musical, "Desejos", e de duas empresas para facilitar a obtenção de vistos para as mulheres traficadas, a Showtour, brasileira, e a LS Republicano, angolana.

"Bento dos Santos 'Kangamba' mostrou-se o principal financiador de todo o esquema criminoso responsável, em média, pela promoção, intermediação e facilitação da remessa mensal de cerca de sete mulheres brasileiras ao exterior para exercerem a prostituição", informa nota do Ministério Público.

No núcleo brasileiro da rede criminosa foram identificadas pela polícia e presas cinco pessoas, entre as quais um empresário, um administrador e três aliciadores: Wellington Edward Santos de Souza, também conhecido como Latyno, Luciana Teixeira de Melo, Rosemary Aparecida Merlin, Eron Francisco Vianna e Jackson Souza de Lima.

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