Gás Natural chega hoje à Madeira
O projeto que, inicialmente estava orçado em 112 milhões, mas que a crise fez descer para 10 milhões, implicou "um enorme desafio em conciliar as exigências do aumento global da procura de energia com a urgência de reduzir as emissões poluentes e conter o aumento dos custos dos serviços energéticos", afirmou Rui Rebelo à agência Lusa.
O administrador destacou que este é "um modelo totalmente alinhado com a política energética da União Europeia (UE), tendo em vista atingir os objetivos e metas estabelecidos para 2020", que passam pela substituição de grande parte dos combustíveis derivados do petróleo usados na produção de eletricidade.
"Trata-se de um marco muito significativo e relevante na transformação que vem sendo progressivamente operada no setor energético", afirmou.
Segundo Rui Rebelo, a Madeira espera cumprir a meta delineada pela UE e ter, em 2020, 50% de penetração de energia verde, embora não seja possível construir um sistema elétrico apenas com base em energias intermitentes/renováveis, cabendo assim à produção térmica um papel fundamental.
A solução que agora será inaugurada passa pelo transporte de gás natural liquefeito (GNL) em contentores cisterna criogénicos, intermodais, até uma unidade autónoma de gás natural (UAG), destinada a armazenar e gaseificar o GNL.
A unidade foi construída num terreno situado na margem esquerda da ribeira dos Socorridos, junto à foz, muito perto da Central Térmica da Vitória, em Câmara de Lobos.
A UAG está equipada com três reservatórios criogénicos de GNL com uma capacidade de armazenamento total de 600 metros cúbicos, suficiente para garantir o consumo previsto dos três motores da central térmica, que aproveitam o gás para gerar eletricidade.
Em termos económicos, e "não obstante a volatilidade de ambos os mercados de petróleo e gás natural", o executivo lembra que a "apreciação detalhada ao longo do tempo evidencia que este último ganha vantagem competitiva à medida que sobe o custo da matéria-prima petrolífera".
Em 2004, o Instituto Superior Técnico (IST) foi a entidade responsável pelo estudo de viabilidade intitulado "Análise Técnico-Económica da Introdução do Gás Natural (GN) na ilha da Madeira", no qual foram consideradas "evidentes" as suas vantagens ambientais face ao propano, fuelóleo e gasóleo e foi destacado o benefício económico, tendo a conta "a maior estabilidade dos preços" face ao petróleo.
O IST afiançou que a introdução de gás natural, com base nos consumos da região, "é tecnicamente viável".
A abertura do concurso público para a execução da obra foi feito em Diário da República em 21 de abril de 2010, com um preço base estimado em 15 milhões de euros.
Em abril de 2013, numa resolução publicada no Jornal Oficial da Madeira, o executivo madeirense reconheceu a proposta apresentada pela sociedade denominada Gaslink-Gás Natural, S.A., "a qual foi constituída com o objetivo de garantir o abastecimento, armazenamento e regaseificação de gás natural liquefeito e de emissão de gás natural", como sendo um Projeto Estruturante Regional.
O Governo Regional sublinhava que esta era "uma área inovadora e estratégica para a economia regional", tendo sido indicado o valor do projeto na ordem dos 8,7 milhões de euros.
O investimento acabou por ser de 10 milhões, verba comparticipada em 40% pelo Instituto de Desenvolvimento Empresarial da Madeira, através do programa Qualificar III - Sistema de Incentivos à Qualificação Empresarial da Região Autónoma da Madeira.