Garth Risk Hallberg escreveu um conto de fadas que vale 2 milhões de dólares

É apontado como o próximo grande romancista americano, sucessor de Melville, Dos Passos e Bellow. Será?
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Garth Risk Hallberg escreveu um romance de mil páginas. Ele vive em Brooklyn. Obviamente. Se Brooklyn fosse uma cidade seria a quarta maior da América, a seguir a Chicago. Na verdade é apenas uma das cinco divisões administrativas de Nova Iorque; mas o que interessa verdadeiramente é isto: é o local onde a ficção é escrita.

Nas palavras do romancista Jonathan Lethem, Brooklyn está "repulsivo com romancistas, está canceroso de romancistas". As pessoas vão para Brooklyn para escrever romances, como fez o britânico Martin Amis. Ou, como Lena Dunham, a criadora da série de televisão Girls, cresceram lá e fizeram a sua fortuna a escrever sobre... hã, deixa ver. Oh, sim: Brooklyn.

Portanto, o facto de Hallberg viver em Brooklyn e ter escrito um grande romance é normal; na verdade ficaríamos levemente surpreendidos se ele não o tivesse feito. Mas, e isso é o importante, os direitos cinematográficos deste romance em particular foram comprados pelo produtor de Hollywood Scott Rudin (O Grande Hotel Budapeste, Capitão Phillips) dois dias depois de o manuscrito ter sido enviado e antes de ter sido vendido como livro. Quando foi vendido como livro, os direitos nos EUA terão sido de dois milhões de dólares; o editor britânico, Jonathan Cape, pagou 200 mil libras. Hallberg ficou chocado; ele achava que poderia render o suficiente para pagar os empréstimos universitários da mulher.

Alex Bowler, que o comprou para a Cape de Londres, disse que era "a única coisa de que falam as pessoas do meio - uma purificação da grande literatura americana. Mas eu não o compararia a outros livros. É mais como uma caixa de DVD de uma série da HBO".

Chama-se Cidade em Chamas e o dinheiro e o burburinho da pré--publicação significam que tem de ser um sucesso. Não, mais do que isso, tem de ser um grande romance americano e Hallberg tem de ser o sucessor de Melville e dos Passos, de Bellow e Franzen. Sem pressão, portanto.

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