Galiza e Norte de Portugal não querem perder o comboio da alta velocidade e pedem mais coesão territorial
A Galiza e o Norte de Portugal não querem perder o comboio da alta velocidade, a transição digital e pedem aos governos ibéricos mais coesão territorial na Eurorregião. Esta é uma das conclusões da conferência "Fundos Europeus: Minho e Galiza", que se realiza ao longo desta segunda-feira, em Braga, um evento inaugurado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A conferência, organizada pela Confederação Empresarial da Região do Minho (CONFMINHO), "serviu para mostrar que os empresários e os agentes políticos da Galiza e do Norte de Portugal estão decididos a aproveitar ao máximo, e em total sintonia, as oportunidades que oferece para a Eurorregião o novo quadro financeiro plurianual 2021-2027", lê-se no comunicado do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal.
"Os governos ibéricos têm que reconhecer a integração excecional da nossa raia e criar um mecanismo para salvaguardar a sua singularidade social e económica", defendeu António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), e presidente da Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal, a cúpula de coordenação do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião.
Na conferência, o responsável fez um apelo ao ministro português das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, que estava presente na sala, "para que se cumpram os prazos estabelecidos para a nova linha ferroviária rápida Vigo e Porto, vital para a descolagem económica da Eurorregião".
Para António Cunha, a Eurorregião apresenta uma "capacidade única para receber o projeto de mobilidade elétrica, incluindo uma fábrica de baterias, estando em curso candidaturas ao Plano de Recuperação e Resilência".
Em representação do presidente da Xunta de Galiza (o governo desta região autónoma), o diretor-geral de Relações Exteriores e com a União Europeia, Jesús Gamallo, sublinhou que a Eurorregião Galiza- Norte de Portugal "foi e é um exemplo único na Europa de cooperação e bom fazer em ambos lados da fronteira, desde que se criou a Comunidade de Trabalho em 1991", lê-se na nota enviada às redações.
Para Jesús Gamallo, as regiões de Galiza e o Norte de Portugal são bem mais que cooperação e fundos europeus devido à identidade comum, geográfica, cultural e sentimental que é evidente de um lado e do outro da raia.
O político galego fez questão de salientar as boas práticas desenvolvidas pela Eurorregião durante a pandemia, com o plano de reativação económica que foi considerado pelo Eurobarómetro do Comité de Regiões da Europa como um excelente exemplo de cooperação de proximidade, refere ainda o comunicado do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal..
O novo quadro financeiro plurianual é a oportunidade para a transição energética, digital e demográfica na Galiza e no norte de Portugal, defendeu Jesús Gamallo.
Para Nuno Almeida, diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação da Eurorregião Galiza - Norte de Portugal (AECT-GNP), "o maior exemplo que podemos mostrar aqui são os nossos projetos transfronteiriços de cooperação universitário, [programa]Iacobus, ou cultural e institucional, Nortear, que são uma referência a nível europeu", defendeu o responsável que participou na mesa redonda sobre "Coesão e Inovação Territorial", onde apresentou o "Plano de Investimentos Conjuntos da Eurorregião 2021-2027", aprovado no passado mês de julho.
Nuno Almeida recordou o papel determinante da AECT-GNP, a primeira criada na Península Ibéria e a terceira na UE, como ponto de encontro de instituições europeias e seis milhões de cidadãos de ambos os lados da raia.
Numa altura em que se perspetiva "a entrada em combate da famosa "bazuca europeia", a Confederação Empresarial da Região do Minho promove esta "conferência em torno do Quadro Financeiro Plurianual 2021 2027, e como poderão estes fundos ajudar a estreitar a já ímpar e fraterna relação económica entre o Minho e a Galiza".
Destaca a CONFMINHO que a União Europeia vai mobilizar 1,8 mil milhões de euros, sendo que 1 074 mil milhões de euros, através do Quadro Financeiro Plurianual e 750 mil milhões de euros, através do Fundo de Recuperação.
"Este quadro financeiro plurianual promete orientar a União Europeia na saída da crise e no regresso à via da recuperação a longo prazo, afigurando se como uma oportunidade única para incrementar a coesão territorial entre estes dois territórios irmãos", sublinha a CONFMINHO.