Futre revela como Radomir Antic o tirou da reforma

O antigo internacional português recorda episódio com o treinador sérvio que morreu aos 72 anos.
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O antigo internacional português Paulo Futre recordou na sua crónica no jornal catalão Mundo Deportivo a memória de Radomir Antic, treinador sérvio que morreu esta segunda-feira aos 72 anos, e que ficou na história por ter conquistado a última dobradinha para o Atlético de Madrid e de ter sido o único a treinar os três grandes de Espanha.

Futre fala do técnico como "uma lenda", "com ideias muito claras" e ao mesmo tempo "intransigente" ao nível da disciplina. O antigo avançado recorda, nesse texto, como Antic o foi resgatar à reforma para voltar a jogar pelo Atlético de Madrid.

"Tinha-me retirado em dezembro de 1997 devido à maldita lesão no joelho direito e comecei a trabalhar como embaixador do Atlético de Madrid. Às quintas-feiras eu tinha o hábito de assistir aos treinos no Calderón. Estávamos em abril e sentei no banco dos suplentes. . Tinha acabado de comer e estava a fumar um cigarro quando o Antic se aproxima de mim: 'Paulo tinha dito a uns miúdos da segunda equipa para virem treinar, mas eles só chegam daqui a uma hora. Preciso de um jogador para a equipa de reservas. Por favor, vai equipar-te e vem treinar'", conta.

Paulo Futre ainda tentou argumentar. "Mister, estou com o estômago cheio, é impossível ir treinar agora, não me faça isso", disse na altura, mas assume que acabou por ser convencido.

O antigo futebolista conta ainda que pediu aos companheiros de treino que não lhe passassem a bola, mas como sempre foi "muito competitivo" assim que a bola lhe chegou tudo mudou. "Não tocava numa bola há meses, mas em 20 minutos marquei dois golos. Os adeptos cantaram meu nome como antes, mas eu estava morto, mal conseguia respirar. Assim que cheguei ao balneário, o treinador disse-me que me queria na equipa e até o presidente Jesús Gil me telefonou a dizer que tinha de voltar. No dia seguinte, todos os jornais tinham como manchete: 'A magia voltou ao Calderón'", recorda.

O certo é que Futre regressou aos treinos e até o joelho tão fustigado com as lesões ia aguentando. Futre ainda fez dez jogos nesse final de época e descreve o regresso ao Estádio Vicente Calderón como "o momento mais emocionante" da sua vida. "Foi um regresso romântico ao futebol", diz, que contou com a assinatura de Radomir Antic.

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