Fundador da PIP em liberdade com caução de 100 mil
Detido na quinta-feira em casa da sua companheira, em Var, Jean-Claude Mas, de 72 anos, foi presente a uma juíza de Marselha e saiu em liberdade, condicionada ao pagamento de uma caução de 100 mil euros, indicou o advogado Yves Haddad, no final de uma audiência de pouco mais de duas horas.
Segundo Yves Haddad, o fundador da PIP, envolvida num escândalo mundial, respondeu a "centenas de questões" e foi "muito cooperativo", realçando as responsabilidades de todos os funcionários da empresa e as suas ligações com os fornecedores.
O Ministério Público adiantou que a polícia deteve, no sul de França, Claude Couty, um antigo administrador da companhia.
Na quinta-feira, as autoridades efetuaram buscas domiciliárias, em especial à casa da companheira de Jean-Claude Mas, precisou o procurador de Marselha, Jacques Dallest.
A empresa PIP, em falência desde março de 2010, está envolvida num escândalo internacional por ter utilizado um gel industrial que substituía fraudulentamente o gel médico e que se suspeita estar na origem de uma taxa anormal de ruturas dos implantes.
A PIP produzia cerca de 100 mil próteses por ano, 84 por cento das quais eram exportadas, nomeadamente para América Latina, Espanha e Reino Unido.
As estimativas apontam que entre 400 mil a 500 mil mulheres de 65 países, incluindo Portugal, terão colocado implantes da marca.
Em França, 20 casos de cancro, incluindo 16 da mama, foram assinalados em mulheres com próteses mamárias PIP, mas sem que fosse estabelecida uma relação de causa-efeito. O governo recomendou, no entanto, a 30 mil mulheres que retirassem os implantes.
Outros países, como Alemanha, República Checa e Holanda, também aconselharam a remoção.
Em Portugal, onde se estima que haja 1.500 a 2.000 mulheres com implantes PIP, as orientações vão no sentido de reforçar a vigilância e dar respostas a eventuais problemas.