Fuga de Caxias. Cadeia ligou para o 112

Aviso dos serviços prisionais para as polícias foi feito cinco horas após a fuga de três reclusos
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Os serviços prisionais só comunicaram a fuga de três detidos, na madrugada de domingo, cinco horas após esta ter ocorrido. Primeiro, foi feita uma chamada para o 112, depois foi enviado um e-mail para as diferentes forças de segurança nacional, revela a edição de hoje do Correio da Manhã.

A fuga dos reclusos, dois chilenos e um português, terá acontecido entre as 23:00 de sábado e a meia-noite e meia de domingo, mas, segundo o jornal, apenas foi comunicada à 1:12 através do 112. Entre as 4:56 e as 5:20 terá sido enviado um e-mail com a comunicação da fuga para a PSP, GNR, PJ e SEF.

À SIC, a Direção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais diz que é a forma que está protocolada de mais rapidamente avisar todas as forças de segurança.

Para o presidente do Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional, a questão importante suscitada pela notícia tem a ver com o tempo que demorou a alertar as autoridades e não tanto com o facto de se ter ligado para o 112.

"Que eu saiba é um número de emergência, não é um número de emergência médica. Quem atende não é o INEM é a PSP", afirmou esta manhã Júlio Rebelo à SIC Notícias. O responsável pelo sindicato afirmou desconhecer os pormenores dos alertas efetuados após ter sido detetada a fuga, mas salientou que ficou demonstrado que "há muito a fazer".

"Os protocolos têm de ser trabalhados, para que na próxima fuga isso não aconteça", disse. "Há que ter em atenção a hora a que a fuga aconteceu. É uma hora em que a maior parte dos serviços não estão a funcionar", reparou. Ações não são tão fáceis de realizar.

"Por razões de segurança", Júlio Rebelo recusou revelar o que pressupõe o protocolo relativamente a situações de fuga, mas defendeu a decisão de se telefonar para o número de emergência. "Se a chamada foi feita, a meu ver foi bem feita. Se a chamada foi feita, é porque alguém determinou que essa chamada deveria ser feita e não para outra entidade", afirmou.

Três reclusos, dois chilenos e um português fugiram na madrugada de domingo do Estabelecimento Prisional de Caxias, concelho de Oeiras, através da janela da cela que ocupavam.

No domingo, os dois chilenos foram detidos no aeroporto de Madrid, com passaportes falsos, mas um deles foi libertado devido a um atraso no envio e receção em Espanha do mandado de detenção europeu (MDE) mas também por não existir vaga no centro de detenção espanhol.

As autoridades espanholas receberam os mandados de detenção europeus dos dois chilenos evadidos de Caxias na segunda-feira à noite, pouco antes da audição com um juiz de um deles que está detido e deverá ser extraditado para Portugal em breve.

Em comunicado divulgado no domingo, a Direção Geral dos Serviços Prisionais indicou que os dois cidadãos chilenos, com 29 e 30 anos, e um português com 30 anos, se encontravam presos a aguardar julgamento por crimes de furto e roubo em processos criminais distintos.

A direção-geral "instaurou de imediato um processo de averiguações, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção Geral".

Ontem, a ministra da Justiça disse que estão a decorrer averiguações sobre a fuga. "Neste momento estão em curso indagações relativamente aos factos ocorridos, quer no que diz respeito à evasão, quer no que diz respeito à recaptura", afirmou Francisca Van Dunem.

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