Friedrich, alemão, deu o seu voto a Oscar, espanhol
"Após analisar os programas dos partidos, pediu-me que votasse nos Verdes por serem favoráveis a reformas na política europeia. Como não era uma escolha distante da minha então foi fácil votar por ele", conta ao DN à porta da assembleia de voto da sua área de residência, na circunscrição de Neukölln, em Berlim. É na capital alemã que vive este jovem de 30 anos natural de Hamburgo. Acaba de terminar a tese universitária e de formar-se em engenharia industrial e agora vai começar à procura de um emprego relacionado com essa área. "Vai ser fácil arranjar", diz, notando a diferença de opções que existem neste momento para os jovens na Alemanha e noutros países como, por exemplo, a Espanha.
A iniciativa de dar o voto a cidadãos estrangeiros partiu da seção berlinense da organização Egality, a qual criou uma página na rede social Facebook, intitulada 'Election Rebellion', ou seja, rebelião eleitoral. "Quisemos aplicar às eleições alemãs uma experiência que já tinha sido feita no Reino Unido em 2010. Com a crise financeira e a troika a ditar as regras tornou-se evidente que uma ação deste tipo aqui era mais relevante do que nunca", explica ao DN Filip Nohe, um dos organizadores desta iniciativa na Alemanha.
Friedrich, que usou o segundo voto, o dedicado aos candidatos locais, para votar no SPD, o partido em que teria votado também no primeiro voto, de caráter nacional, caso não o tivesse cedido a Oscar, justifica porque decidiu aderir simbolicamente a esta iniciativa. "Queria chamar a atenção para o facto de nas relações internacionais haver pouca democracia. Se virmos, o Parlamento Europeu é menos poderoso do que o Conselho dos chefes do Estado e do Governo da União Europeia. Também queria dar a oportunidade às pessoas que são afetadas pelas políticas alemãs de poderem participar".
Quando os resultados das legislativas alemãs forem conhecidos mais logo, Friedrich vai enviar um e-mail a trocar impressões com Oscar. E já combinaram encontrar-se em Dezembro, em Berlim, para se conhecerem pessoalmente. "Fui poucas vezes a Espanha, mas admiro os espanhóis, porque protestam de forma pacífica e o facto de estarem zangados não os leva a irem ao ponto de apoiarem partidos estúpidos como os alemães fizeram no passado".
Quanto a saber o número exato de alemães que aderiram a esta iniciativa, Filip diz que é difícil saber porque os únicos números exatos são os dos "gostos" e os das "pessoas que falam sobre este assunto" na página da 'Election Rebellion'. Às 14.00 (13.00 em Lisboa) eram 1802 a gostar e 1469 a falar sobre. Membro da Egality em Berlim, Filip diz não ter conhecimento de portugueses a pedir para votarem por eles, "pois as pessoas contactaram diretamente através do Facebook os seus parceiros de voto".