Frente Comum convoca greve da função pública para 18 de novembro

A Frente Comum considerou que a proposta do Governo de aumentos salariais de 3,6% é "uma proposta de empobrecimento" que os trabalhadores não podem aceitar.
Publicado a

A Frente Comum anunciou hoje uma greve geral da função pública para 18 de novembro e uma manifestação frente à Assembleia da República para 27 de outubro "perante uma proposta de atualização salarial que não dá resposta imediata à perda de poder de compra verificada em 2022 e que, para 2023, aprofundará o empobrecimento dos trabalhadores da Administração Pública"

"A Frente Comum tem propostas, nomeadamente, o aumento real dos salários - 10% com um mínimo de 100€ - e reafirma que o governo tem tempo, espaço e meios orçamentais para dar resposta aos problemas dos trabalhadores. Não estando perante nenhuma inevitabilidade, exige-se do governo medidas que interrompam esta escalada de empobrecimento e de degradação dos Serviços Públicos que põe em causa as Funções Sociais do Estado", diz em comunicado enviado às redações.

A Frente Comum considerou, em conferência de imprensa, que a proposta do Governo de aumentos salariais de 3,6%, "quando a inflação prevista se cifra agora nos 7,8% para este ano, e para o próximo ano não vai estar a zero", é "uma proposta de empobrecimento" que os trabalhadores não podem aceitar.

O Governo tem orçamento e tem "aliás, mais disponibilidade financeira", além de "um crescimento previsto acima da média e das suas primeiras previsões", insiste a Frente Comum, que defende que o executivo de António Costa tem condições para alterar a proposta inscrita no Orçamento de Estado até ao dia da votação final global.

Por isso, sublinhou Sebastião Santana, os trabalhadores "vão desenvolver a sua luta e não vão ficar calados a assistir a mais um ano, e ainda por cima de uma maneira muito aguda, de perda de poder de compra".

Já na sexta-feira, à saída de uma reunião com a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e a secretária de Estado a Administração Pública, Inês Ramires, a Frente Comum havia afirmado que sem mudanças na proposta, a greve era uma hipótese.

"Entendemos que o governo tem espaço, orçamento e meios para resolver e minimizar de uma forma objetiva aquilo que tem sido a perda do poder de compra e a desvalorização salarial dos trabalhadores da administração pública. Está pois nas mãos do governo até à votação final global do orçamento resolver este problema, assim haja vontade política para o fazer, o que não verificámos nesta negociação", disse o coordenador Sebastião Santana.

Perante este quadro, e a par do apelo à participação na manifestação que a CGTP tem marcada para este sábado, Sebastião Santana avisou que a Frente Comum não deixaria de analisar formas de luta porque não vai aceitar "esta proposta de empobrecimento".

Questionado sobre se este quadro poderá levar à convocação de uma greve ainda este ano, o líder da Frente Comum, não fechou a porta.

"Vamos avaliar isso no quadro dos sindicatos da Frente comum e assim que houver uma decisão torná-la-emos pública. Se pode ser ainda este ano? Pode perfeitamente", disse, ressalvando ser possível que se desenvolva alguma forma de luta ainda antes da votação do Orçamento do Estado.

"Não sei se é uma greve, se é uma manifestação, se é outra coisa, mas não fechamos datas, não atiramos isto apenas para o próximo ano", precisou.

Diário de Notícias
www.dn.pt