Fesap desafia outros sindicatos a concertar posições na contestação a aumentos

A estrutura sindical espera ainda resposta do Governo sobre contraproposta para o aumento do valor do subsidio de refeição e ajudas de custo.
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A Federação dos Sindicatos da Administração Pública está disponível para concertar posições com outras estruturas sindicais para contestar a proposta de aumentos salariais dos funcionários do Estado para 2020.

"Decidimos lançar um repto às outras estruturas sindicais para nos sentarmos e concertarmos posições para que se faça um grande protesto face a esta visão miserabilista do Governo em relação aos trabalhadores da administração pública", adiantou o secretário-geral da Fesap, José Abraão, no final da terceira e última ronda de negociações com o secretário de Estado da Administração Pública, ao início da tarde desta sexta-feira.

"Não podemos antecipar o que podemos vir a fazer. Nós estamos disponíveis e acertaremos posições", acrescentou o dirigente sindical.

"Não é aceitável que se peça sacrifício aos trabalhadores da administração pública de perda de poder de compra e da desvalorização de carreiras durante estes anos", sublinhou o dirigente sindical, revelando que ontem, a Federação discutiu a hipótese de se juntar a outros sindicatos na contestação a esta proposta do Governo.

Na quarta-feira, o Executivo avançou com uma proposta de aumento dos salários de 0,3% para todos os funcionário públicos, o que dá, para um salário mensal de 1000 euros, pouco mais de 26 euros, de acordo com simulações da consultora EY para o Dinheiro Vivo.

A Fesap, afeta à UGT, apresentou uma contraproposta com o aumento do valor do subsidio de refeição e das ajudas de custo que ainda vai a Conselho de Ministros amanhã, diz 14 de dezembro, para aprovação da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2020.

O secretário-geral da Fesap disse que ainda espera pela resposta. "Neste quadro aguardamos resposta e pedimos ao secretário de Estado para que estas matérias fossem objeto de resposta. Se assim não for, estão em cima da mesa todas as possibilidades, todas as formas de luta", assumiu o dirigente sindical.

Frente Comum abandonou reunião

Antes da FEsap, a Frente Comum de Sindicatos abandonou a reunião suplementar desta sexta-feira para discutir os aumentos salariais para 2020, prometendo "uma resposta forte".

"Não faz sentido estarmos numa negociação suplementar quando sabemos quais são as intenções que o Governo tem para os trabalhadores da administração pública para os aumentos dos salários", afirmou a coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, poucos minutos depois de ter sido recebida pelo secretário de Estado da Administração Pública, esta sexta-feira, 13 de dezembro.

A estrutura sindical dava assim por fechada a negociação com a tutela sobre a atualização salarial dos funcionários públicos para 2020. A proposta do Governo é de um acréscimo nominal de 0,3%, acompanhando o valor da inflação registada em novembro.

Resposta do sindicato a 19

A Frente Comum vai reunir-se no dia 19 para decidir formas de luta, prometendo, desde já, uma "resposta forte dos trabalhadores", afirmou Ana Avoila.

"Não faz sentido nenhum pactuar numa mesa com uma coisa que é um insulto para os trabalhadores", afirmou a coordenadora da Frente Comum, insistindo num "aumento mínimo de 90 euros por trabalhador."

No documento entregue ao Governo, a estrutura sindical fala "em ultraje", lembrando que pelas suas contas, o acréscimo, "no melhor cenário representaria um aumento de 8 cêntimos por dia para os assistentes operacionais que recebem 635 euros por mês" (cálculo feito pressupondo 22 dias de trabalho).

Discussão com os partidos

A Frente Comum de Sindicatos vai continuar a discutir a questão com os partido com assento parlamentar. "Nós já estamos a ter conversas com os grupos parlamentares. Só não o fizemos ainda com o PSD, o PS e o Bloco ainda não marcou, mas vamos com certeza ter reuniões com os partidos", indicou a dirigente sindical.

No imediato, a estrutura sindical "exige a continuação das negociações" e indica que "os trabalhadores utilizarão todos os meios de luta ao seu alcance para que o Governo tome as medidas adequadas para por um fim à imposição de sacrifícios sempre aos mesmos", conclui o documento dirigido à ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública e ao secretário de Estado com a tutela das negociações com os sindicatos da função pública.

Atualizada às 14.39.

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