Freixo de Espada à Cinta aposta na seda artesanal

A Câmara de Freixo de Espada à Cinta está apostada em revitalizar "a curto prazo" todo o ciclo de produção de seda em modo artesanal e fazer do produto a imagem de "marca e económica" do concelho nordestino.
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O primeiro passo para a divulgação do produto passou pela criação de uma nova imagem corporativa do concelho, onde todo o material promocional e de divulgação englobará um novo logótipo acompanhado da frase "Terras de Seda - Freixo de Espada à Cinta" e será apresentado ao executivo municipal na próxima terça-feira.

"A nova imagem corporativa assenta na produção de seda em modo artesanal, para assim mantermos viva esta atividade ancestral. Freixo de Espada à Cinta é o único território da Península Ibérica que obedece ao método artesanal", disse à Lusa a presidente da Câmara do Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Quintas.

Para além da promoção dentro e fora do país, o município pretende criar uma estrutura de retaguarda que tenha a seu cargo a parte da produção e confeção de peças em seda pura para serem comercializadas.

"A seda é um produto que ao longo dos anos teve uma grande importância económica no concelho, já que daqui saíram peça de seda artesanal que se encontram em vários pontos do mundo", acrescentou.

A autarca mostra-se convicta de que a seda será "a muito em breve prazo" um verdadeiro símbolo de Freixo de Espada à Cinta que se junta assim à arquitetura Manuelina que opera na vila trasmontana.

Para além de parte da tecelagem e confeção de peças em seda, haverá ainda a criação de museu dedicado a esta atividade, um equipamento que está concluído e que custou cerca de 500 mil euros, tendo sido financiado por fundos comunitários.

"Somos únicos na produção de seda artesanal, por este motivo temos que aproveitar e fazer renascer esta mais-valia e transformá-la num produto capaz de ajudar a potenciar a ecomimia local e regional ", frisou.

Maria do Céu Quintas mostra-se confiante, afirmando mesmo que para além da confeição das tradicionais colchas, almofadas ou panos de mesa é preciso apostar num design inovador capaz de captar a atenção das gerações mais novas.

"Quem sabe se alguns dos jovens do concelho não terão aqui uma oportunidade criar um negócio através de um produto reconhecido mundialmente", observou.

Por seu lado, Susana Martins, uma artesã que ao longo de oito anos trabalhou todo o ciclo da seda e que agora se encontra num situação de desemprego, refere que está é a oportunidade "rainha" para relançar de novo a sua vida.

"Mesmo estando desempregada não deixei de criar o bicho-da-seda de forma voluntaria, o que acontece em maio, para assim haver matéria-prima para fazer a extração do fio da seda", enfatizou.

A título de curiosidade, uma colcha de seda produzido pelo método utilizado em Freixo de Espada à Cinta poderá chegar aos 10 mil euros, enquanto um conjunto de panos de mesa andará pelos 650 euros. A peça mais em conta são as toalhas de batismo que andam na casa dos 160 euros e que são muito procuradas.

Apesar dos preços, há quem tenha de esperar por uma colcha cerca de um ano e encomendas não faltam, falta sim, uma unidade produtiva.

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