Fraude na vacinação. Vice-almirante quer consequências para "ato de indisciplina"

Diretora do agrupamento demitiu-se ao fim do dia. Caso da administração de vacinas a maiores de 18 anos em freguesia do Porto está agora nas mãos da PJ e ARS.
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O caso de vacinação em maiores de 18 anos no Porto, conhecido esta sexta-feira, foi, para o vice-almirante Gouveia e Melo um "ato de indisciplina". O coordenador da task force da vacinação pediu que se retirassem as devidas consequências deste processo.

Quanto à diretora do agrupamento de centros de saúde do Porto Oriental, acabou por demitir-se. A situação desta profissional esclareceu-se ao fim do dia, quando o Ministério da Saúde enviou um comunicado às redações dando conta que Dulce Pinto apresentou um "pedido de cessação de funções" do cargo de diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Porto Oriental.

O caso continua a ser investigado pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte). Contactada pelo DN, a instituição informou que "foi mandado instruir pela ARS Norte um processo de inquérito aos factos que eventualmente tenham sido cometidos".

A situação aconteceu quinta-feira e está também agora nas mãos da PJ. "Tentámos recolher dados, em duas, três horas, e mal tivemos o mínimo de confirmação fizemos uma participação ao nosso contacto com a Polícia Judiciária e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde e falei com o presidente da ARS Norte para que não voltasse a acontecer e se tirassem consequências, porque, para todos os efeitos, é um ato de indisciplina", disse Gouveia e Melo, que se encontra em Porto Santo a acompanhar a evolução do processo local de vacinação. Num plano "desta complexidade e com esta urgência e, sendo massivo, tem de haver disciplina", acrescentou.

O vice-almirante falava sobre os casos de vacinação de pessoas com mais de 18 anos que foram inoculadas após um alerta de uma junta de freguesia no Porto. Um número indeterminado de pessoas sem os requisitos exigíveis nesta ocasião terá recebido vacinas na zona do ACES do Porto Oriental

A vacinação foi publicitada numa rede social pela Junta de Freguesia de Campanhã, na zona oriental do Porto, mas fonte autorizada da autarquia disse que se limitou a publicitar a iniciativa a pedido do ACES da zona, exatamente nos termos solicitados.

A publicação da junta no Facebook referia: "Dias 23 e 24 de junho, vacinação aberta das 17h00 às 19h30 no centro de vacinação do Cerco."

Deste grupo de pessoas vacinadas fazem parte a apresentadora de televisão Maria Cerqueira Gomes, de 38 anos, e a filha, Francisca, de 18. Foi a cara da TVI que confirmou a vacinação nas redes sociais na quarta-feira, remetendo para este post da junta de freguesia.

"Tenho uma equipa que regista todos os eventos suspeitos, mas nunca tive um caso desta dimensão. É a primeira vez - consagra uma desobediência clara ao plano. Alguém com responsabilidade resolve vacinar pessoas que neste momento não estão elegíveis", referiu Gouveia e Melo, na RTP.

Em comunicado remetido à Lusa, a estrutura liderada por Gouveia e Melo refere que a situação "indicia a prática de atos contrários nas normas e instruções em vigor", adiantando que a ARS-N "já solicitou a abertura de um processo de inquérito para se apurar o sucedido". Ação que a ARS Norte confirma ter aberto.

Desde esta semana que é possível o agendamento de vacinação para maiores de 35 anos. Foi também anunciada a abertura de "casas abertas", locais nos centros de vacinação que permitem que os cidadãos com mais de 50 sejam inoculados sem marcação. Esta medida visa abarcar todos os que, por alguma razão, não foram chamados pelo Serviço Nacional de Saúde.

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