Franco Citti: morreu um símbolo do cinema de Pasolini

O ator italiano morreu esta quinta-feira aos 80 anos em Roma, sua cidade natal. Citti participou em <em>O Padrinho</em> I e III como guarda-costas de Michael Corleone (Al Pacino)
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Figura emblemática do cinema de Pier Paolo Pasolini, o ator italiano Franco Citti faleceu em Roma, no dia 14 de janeiro - contava 80 anos.

Irmão do realizador Sergio Citti, só começou no cinema aos 26 anos, quando surgiu como protagonista de Accattone (1961), primeira longa-metragem de Pasolini. A rudeza da sua presença, alheia a qualquer modelo profissional de representação, correspondia exemplarmente ao desejo do realizador de retratar as classes populares a partir de um novo realismo, contundente nos sinais, embora disponível para as nuances da fábula social.

Seria, aliás, no universo pasoliniano que Citti viria a ter as suas interpretações mais importantes. Surgiu, assim, em Mamma Roma (1962), no papel central de Rei Édipo (1967), Pocilga (1969) e ainda na trilogia formada por Decameron (1971), Os Contos de Canterbury (1972) e As Mil e uma Noites (1974). Pelo caminho foi participando em filmes tão diversos como os westerns spaghetti Os Assassinos também Choram (1967), de Carlo Lizzani, e Acaba com Eles e Volta Só (1968), de Enzo G. Castellari, ou ainda O Padrinho (1972), de Francis Ford Coppola, interpretando uma das personagens que surge apenas na sequência da Sicília; Coppola voltaria a chamá-lo, para retomar a mesma personagem em O Padrinho - Parte III (1990).

Citti manteve-se em atividade até finais da década de 90, acabando por se afastar do cinema devido a problemas de saúde. Entre os cineastas com quem trabalhou incluem-se ainda Elio Petri (Todo Modo, 1976), Bernardo Bertolucci (La Luna, 1979) e Pupi Avati (Festival, 1996). Embora nunca tenha ganho nenhum prémio internacional, a sua interpretação em Accattone valeu-lhe em 1963, nos prémios britânicos de cinema (BAFTA), uma nomeação para melhor ator estrangeiro (categoria que, entretanto, deixou de existir).

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