Francisco Serrano: quem é o juiz que vai liderar a extrema-direita no parlamento da Andaluzia?
O Vox, de Santiago Abascal, fez história na Andaluzia, conquistando 12 lugares no Parlamento regional. O cabeça de lista do partido de extrema-direita às eleições andaluzas foi Francisco Serrano, um antigo juiz de família crítico das leis contra a violência de género.
Nascido em Madrid há 53 anos, Serrano saltou para a ribalta em 2011 quando foi afastado do cargo de juiz de Sevilha pelo Conselho Geral do Poder Judicial. Tudo porque alterou as férias de um menor para que pudesse ficar mais dois dias com o pai (sem consultar a mãe que tinha a custódia, nem o tribunal que tramitava o divórcio e que decidira a custódia). Os dias extra de férias eram para permitir que entrasse na procissão na Semana Santa de Sevilha.
De recurso em recurso, a acusação de prevaricação só acabou no Tribunal Constitucional, em 2016, que resolveu afastar Serrano do cargo durante dois anos. Uma pena que já cumpriu, não tendo contudo voltado a ser juiz de família, dedicando-se à advocacia e à política.
Filiado no Vox desde 2014, já tinha sido candidato às eleições de 2015 pelo partido de extrema-direita, que ficou então em nono e conseguiu apenas 18 mil votos em toda a comunidade autónoma. Agora, consegue um resultado histórico com quase 11% de votos e conquistando 12 lugares no Parlamento andaluz, contribuindo para que, pela primeira vez desde as eleições de 1982, a esquerda não seja maioria nem de votos nem de lugares na região.
Define-se como "católico, espanhol, defensor da vida e da família". Defende políticas a favor da natalidade e contra o aborto, sendo também crítico das reivindicações do coletivo LGBTI. Em relação à imigração, quer o reforço policial nas praias para travar a chegada de embarcações com migrantes vindos do norte de África. O partido opõe-se ainda ao atual sistema de autonomias, preferindo um Estado centralizado e defende a ilegalização dos partidos independentistas.
"Somos a Espanha da decência", disse quando apresentou esta última candidatura, criticando o "populismo de extrema-esquerda e o oportunismo travestido do Ciudadanos". E prometeu acabar com uma Andaluzia "submetida à corrupção, ao clientelismo, ao desemprego e à estagnação económica".
Após a conquista, Serrano disse ao La Razon que o Vox fará "o que for melhor para Espanha e Andaluzia". O seu principal alvo são os socialistas: "O sultanato, a quinta do PSOE tem que acabar. Não há ninguém que a mantenha", reiterando que "se somos chave, então vamos apostar pela mudança."
Uma das propostas do Vox é revogar as leis da violência de género, preferindo falar na ideia de violência intrafamiliar. Serrano critica a atual legislação por partir da ideia que "o homem por ser homem é um agressor e a mulher a agredida". Em 2012, o candidato publicou "A ditadura de género", um livro onde denunciava precisamente as injustiças que ocorrem graças à lei contra a violência de género.
O Vox, de Santiago Abascal, começa na Andaluzia aquilo que espera ser a "reconquista" de Espanha, com as sondagens nacionais a preverem que poderá também entrar no Congresso espanhol.
Além de Serrano há mais 11 deputados eleitos pelo Vox, entre os quais outros advogados, médicos, um gerente de uma empresa de drones e ex-militares.