Fracasso nas negociações: Iglesias acusa Sánchez de querer novas eleições

Debate de investidura do líder socialista é nos dias 22 e 23 de julho, mas o primeiro-ministro não tem garantido o apoio do partido de Pablo Iglesias e ameaça não se sujeitar a nova tentativa em setembro se Unidas Podemos não mudar de ideias.
Publicado a
Atualizado a

Pedro Sánchez e Pablo Iglesias voltaram a reunir-se para negociar a investidura do líder socialista, mas mais uma vez o encontro (que durou mais e uma hora e meia) terminou em fracasso. O debate no Congresso espanhol está marcado para 22 e 23 de julho, não tendo Sánchez garantido os votos necessários. Caso não haja acordo e decorram todos os prazos sem alternativa, haverá novas eleições a 10 de novembro.

O PSOE, que é contra a ideia de um governo de coligação, acusa o líder da aliança Unidas Podemos de só pensar em cargos -- Iglesias insiste ter representantes no futuro Conselho de Ministros, enquanto os socialistas estão disponíveis a dar lugar a independentes "de reconhecido prestígio" propostos pela Unidas Podemos. Já Iglesias acusa os socialistas de quererem ir para novas eleições.

"O que Espanha precisa é de um governo de coligação de esquerdas e esperamos convencer o PSOE a flexibilizar a sua posição e a abrir uma posição integral de governo. A sua posição de que o governo tem que ser de um partido único vai numa direção contrária ao que os eleitores votaram. E achamos que, mais cedo ou mais tarde, vão retificar", disse Iglesias no final do encontro.

"Não haverá outra oportunidade", respondem do lado do PSOE, avisando que não haverá mudança de posição entre julho e setembro, deixando em aberto a ideia de que Sánchez não irá a um segundo debate de investidura se a Unidas Podemos não recuar.

A porta-voz parlamentar do PSOE, Adriana Lastra, lamentou a posição de Iglesias. "Há dirigentes do Podemos que estão a dizer que não confiam no primeiro-ministro. Essa é a melhor maneira de começar uma negociação", questionou.

Pablo Casado repete o seu "não"

Sánchez também esteve reunido com o líder do Partido Popular, Pablo Casado, que voltou a dizer que não irá apoiar a investidura do socialista, nem sequer através de uma abstenção, mas mostrou-se aberto a negociar os chamados "pactos de Estado" em várias áreas se ele conseguir formar um novo governo.

"Não podemos facilitar a investidura de Pedro Sánchez, coerentes com os milhões de espanhóis que não desejam que a esquerda governe e porque não seria bom que a Espanha ficassem sem alternativa política", indicou Casado aos jornalistas, no final de encontro de cerca de uma hora e 15 minutos.

Casado criticou o bloqueio na situação política, apontando o dedo a Sánchez, tendo dado como exemplo positivo o do "amigo" Kyriakos Mitsotakis, o novo primeiro-ministro grego que um dia depois de ser eleito estava a tomar posse e a nomear o governo que, 24 horas depois, já está a trabalhar.

"Não podemos continuar a perder tempo. Já passaram dois meses. Ele é o responsável por resolver esta situação tal como lhe foi encomendado pelo rei na ronda de consultas", acrescentou Casado.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt