Já não falta tudo, só o essencial. Depois de sociais-democratas, verdes e liberais se terem comprometido em avançar para uma inédita coligação ao nível federal, ao assinarem um documento de dez pontos na sexta-feira passada, pondo termo às conversas exploratórias, começaram ontem as negociações formais, com o objetivo de formar governo na semana de 6 de dezembro. É um passo um pouco mais ambicioso depois de Olaf Scholz, o provável futuro chanceler, ter apontado para antes do Natal. Caso o calendário seja cumprido, Angela Merkel deixará a chefia do governo 16 anos depois e à beira de bater o recorde de longevidade de Helmut Kohl.."A calendarização é ambiciosa. A Alemanha precisa de ter um governo estável o mais depressa possível", comentou o secretário-geral dos liberais (FDP), Volker Wissing, na conferência de imprensa que precedeu o início das conversações formais da coligação com o SPD e os Verdes. Em 2017, as negociações arrastaram-se por seis meses e, por fim, levaram à reedição da grande coligação CDU-SPD que nenhuma das partes desejava..Armin Laschet, o candidato a chanceler dos democratas-cristãos que na noite das eleições se declarou no direito de formar governo apesar de ter ficado em segundo lugar, sendo mais tarde corrigido pelos colegas de partido, voltou a declarar-se disponível para liderar uma coligação alternativa caso esta fracasse..Coligação semáforo tem luz verde para avançar.Para já os dirigentes dos três partidos dão sinais de coesão e anunciaram como vão ser os próximos passos. Formaram nada menos do que 22 grupos de trabalho por áreas, tendo cada partido entre quatro e seis delegados, consoante a complexidade e relevância dos temas. A estes grupos, que devem entregar os resultados até 10 de novembro, soma-se uma outra equipa que centraliza as conclusões, alinhava os textos e, no fim de contas, "resolve as últimas áreas de conflito", como disse o secretário-geral do SPD Lars Klingbeil, para, depois, um grupo que inclui os líderes partidários tomar as decisões finais com base nessas conclusões. Tudo somado, devem fazer parte deste processo cerca de 300 dirigentes partidários. A meta é concluir o acordo até ao final de novembro para que Olaf Scholz seja empossado pela futura presidente do Parlamento, Bärbel Bas, a partir de 6 de dezembro..Na semana passada Olaf Scholz mostrou-se confiante de que a coligação semáforo, assim chamada devido às cores dos três partidos, vá ser responsável pelo "maior projeto de industrialização da Alemanha em mais de cem anos", enquanto o líder do FDP, Christian Lindner, também falava em momento histórico: "Há muito tempo que não há uma oportunidade comparável de modernizar a nossa sociedade, economia e Estado e não podemos deixar passar esta oportunidade", disse..No entanto, são muitas as interrogações que saem do pré-acordo de 12 páginas e estão relacionadas com a natureza do terceiro partido mais votado, os Verdes, e do quarto, o FDP. As três partes comprometeram-se em aumentar o salário mínimo em 25%, em fazer grandes investimentos e ao mesmo tempo concordaram em não aumentar impostos nem a dívida pública, pelo que ninguém compreende como é que o programa de governo será realizável..Ao que se diz, a escolha das pessoas para integrarem o governo ainda não faz parte desta fase, no entanto a cor de quem ocupará o Ministério das Finanças pode dizer muito sobre o que virá de Berlim. A imprensa germânica diz que o liberal Lindner ambiciona o lugar agora ocupado por Scholz, ministro das Finanças, tal como o colíder dos ecologistas, Robert Habeck. Curiosamente, e tal como Scholz, nenhum é especializado na área..Se o secretário-geral dos Verdes afirmou no primeiro dia das conversações que "pela primeira vez em 16 anos há uma hipótese de um recomeço", o mesmo Michael Kellner tem posto pressão junto das suas chefias e dos possíveis sócios ao dizer que tem de haver planos concretos para acabar com o carvão e restantes combustíveis fósseis. Para já, caiu a proposta dos Verdes em impor limites de velocidade nas autoestradas como medida para limitar emissões de gases, mas os ecologistas não deverão abdicar de uma equipa para o clima para coordenar as políticas ministeriais e ter poder de veto caso as propostas não sejam ambientalmente compatíveis..Jogou futebol na posição de líbero, tem uma paixão "adormecida" por motos e não dispensa a internet e as redes sociais. É deputada desde 2009 e a sua defesa de políticas públicas de saúde vem desde os tempos de deputada municipal de Duisburgo, a cidade natal situada no vale do Ruhr. Bärbel Bas, de 53 anos, será a próxima presidente do parlamento alemão, o Bundestag, depois de os sociais-democratas a terem designado como candidata..A sucessora de Wolfgang Schäuble será a 14.ª pessoa no cargo e apenas a terceira mulher, depois de Annemarie Renger, nos anos 1970, e de Rita Süssmuth, entre 1988 e 1998, mas também o terceiro representante do SPD, depois de Renger e de Wolfgang Thierse. A direção do SPD foi pressionada a escolher uma mulher para a segunda posição do Estado quer pelas mulheres do partido quer por uma carta aberta de dois nomes de peso, a socióloga Jutta Allmendinger e o teólogo Peter Dabrock, que classificaram de "ultrapassado" o cenário de os cinco cargos de topo da hierarquia serem ocupados por homens..cesar.avo@dn.pt
Já não falta tudo, só o essencial. Depois de sociais-democratas, verdes e liberais se terem comprometido em avançar para uma inédita coligação ao nível federal, ao assinarem um documento de dez pontos na sexta-feira passada, pondo termo às conversas exploratórias, começaram ontem as negociações formais, com o objetivo de formar governo na semana de 6 de dezembro. É um passo um pouco mais ambicioso depois de Olaf Scholz, o provável futuro chanceler, ter apontado para antes do Natal. Caso o calendário seja cumprido, Angela Merkel deixará a chefia do governo 16 anos depois e à beira de bater o recorde de longevidade de Helmut Kohl.."A calendarização é ambiciosa. A Alemanha precisa de ter um governo estável o mais depressa possível", comentou o secretário-geral dos liberais (FDP), Volker Wissing, na conferência de imprensa que precedeu o início das conversações formais da coligação com o SPD e os Verdes. Em 2017, as negociações arrastaram-se por seis meses e, por fim, levaram à reedição da grande coligação CDU-SPD que nenhuma das partes desejava..Armin Laschet, o candidato a chanceler dos democratas-cristãos que na noite das eleições se declarou no direito de formar governo apesar de ter ficado em segundo lugar, sendo mais tarde corrigido pelos colegas de partido, voltou a declarar-se disponível para liderar uma coligação alternativa caso esta fracasse..Coligação semáforo tem luz verde para avançar.Para já os dirigentes dos três partidos dão sinais de coesão e anunciaram como vão ser os próximos passos. Formaram nada menos do que 22 grupos de trabalho por áreas, tendo cada partido entre quatro e seis delegados, consoante a complexidade e relevância dos temas. A estes grupos, que devem entregar os resultados até 10 de novembro, soma-se uma outra equipa que centraliza as conclusões, alinhava os textos e, no fim de contas, "resolve as últimas áreas de conflito", como disse o secretário-geral do SPD Lars Klingbeil, para, depois, um grupo que inclui os líderes partidários tomar as decisões finais com base nessas conclusões. Tudo somado, devem fazer parte deste processo cerca de 300 dirigentes partidários. A meta é concluir o acordo até ao final de novembro para que Olaf Scholz seja empossado pela futura presidente do Parlamento, Bärbel Bas, a partir de 6 de dezembro..Na semana passada Olaf Scholz mostrou-se confiante de que a coligação semáforo, assim chamada devido às cores dos três partidos, vá ser responsável pelo "maior projeto de industrialização da Alemanha em mais de cem anos", enquanto o líder do FDP, Christian Lindner, também falava em momento histórico: "Há muito tempo que não há uma oportunidade comparável de modernizar a nossa sociedade, economia e Estado e não podemos deixar passar esta oportunidade", disse..No entanto, são muitas as interrogações que saem do pré-acordo de 12 páginas e estão relacionadas com a natureza do terceiro partido mais votado, os Verdes, e do quarto, o FDP. As três partes comprometeram-se em aumentar o salário mínimo em 25%, em fazer grandes investimentos e ao mesmo tempo concordaram em não aumentar impostos nem a dívida pública, pelo que ninguém compreende como é que o programa de governo será realizável..Ao que se diz, a escolha das pessoas para integrarem o governo ainda não faz parte desta fase, no entanto a cor de quem ocupará o Ministério das Finanças pode dizer muito sobre o que virá de Berlim. A imprensa germânica diz que o liberal Lindner ambiciona o lugar agora ocupado por Scholz, ministro das Finanças, tal como o colíder dos ecologistas, Robert Habeck. Curiosamente, e tal como Scholz, nenhum é especializado na área..Se o secretário-geral dos Verdes afirmou no primeiro dia das conversações que "pela primeira vez em 16 anos há uma hipótese de um recomeço", o mesmo Michael Kellner tem posto pressão junto das suas chefias e dos possíveis sócios ao dizer que tem de haver planos concretos para acabar com o carvão e restantes combustíveis fósseis. Para já, caiu a proposta dos Verdes em impor limites de velocidade nas autoestradas como medida para limitar emissões de gases, mas os ecologistas não deverão abdicar de uma equipa para o clima para coordenar as políticas ministeriais e ter poder de veto caso as propostas não sejam ambientalmente compatíveis..Jogou futebol na posição de líbero, tem uma paixão "adormecida" por motos e não dispensa a internet e as redes sociais. É deputada desde 2009 e a sua defesa de políticas públicas de saúde vem desde os tempos de deputada municipal de Duisburgo, a cidade natal situada no vale do Ruhr. Bärbel Bas, de 53 anos, será a próxima presidente do parlamento alemão, o Bundestag, depois de os sociais-democratas a terem designado como candidata..A sucessora de Wolfgang Schäuble será a 14.ª pessoa no cargo e apenas a terceira mulher, depois de Annemarie Renger, nos anos 1970, e de Rita Süssmuth, entre 1988 e 1998, mas também o terceiro representante do SPD, depois de Renger e de Wolfgang Thierse. A direção do SPD foi pressionada a escolher uma mulher para a segunda posição do Estado quer pelas mulheres do partido quer por uma carta aberta de dois nomes de peso, a socióloga Jutta Allmendinger e o teólogo Peter Dabrock, que classificaram de "ultrapassado" o cenário de os cinco cargos de topo da hierarquia serem ocupados por homens..cesar.avo@dn.pt