Forças Armadas têm especialistas em nada
Depois de ter ficado incrédulo com a encenação de Tancos, penso que a maioria dos camaradas envolvidos, na sua ingenuidade e ignorância de que não têm culpa por não terem formação jurídica e policial, estavam convencidos que tinham cumprido a missão.
Recuperaram as armas, evitaram que fossem vendidas para o crime organizado ou a terroristas, e que deviam por isso ser recompensados.
Estamos habituados a cumprir missões e ordens, mesmo que não concordemos com elas. Somos militares e assim fomos formados.
Quem lhes definiu a missão errou. Não sei quem foi. Não sei mas não creio que mesmo o diretor a tenha definido sozinho.
Quanto ao diretor, estou admirado que um homem com um curso de direito e ex-juiz num tribunal não tenha refletido nas eventuais consequências do ato.
Que a formação que recebemos não chega para sermos investigadores policiais é uma verdade e é um problema grave da Instituição militar. Esta não cria nem quer criar especialistas em área nenhuma pois, quando começamos a perceber de certos assuntos complexos, ao fim de três anos de comissão temos de mudar de lugar pois temos uma outra missão completamente distinta a cumprir noutro lugar, por uma questão de estatuto e para podermos ser promovidos.
Assim não temos especialistas, nem policiais nem em informações nem em coisa nenhuma. Temos especialistas em nada.
Todos temos de fazer uma carreira igual ou semelhante.
É uma grande falha institucional.
Coronel