Foram precisos 65 anos para encontrar bebé resgatado dos nazis

Danuta foi a irmã adotiva que cuidou e salvou Giza durante a Segunda Guerra Mundial
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Passados 65 anos de estarem separadas devido ao Holocausto, duas irmãs voltam a reencontrar-se, apesar de estarem a milhares de quilómetros uma da outra.

Giza Alterwajn, de 75 anos, é judia e vive no Uruguai, tem duas filhas, dois netos e é empresária. Danuta Galkowa de 92 anos, é cristã e vive na Polónia, tem duas filhas, 3 netos e trabalhava como assistente social.

As suas vidas seguiam normalmente até que Giza recebeu um telefonema a dizer que uma família a procurava.

Ao início achou que era engano pois era órfã e não tinha nenhum familiar na Polónia nem em Varsóvia. Mas a partir de uma foto de família, em que aparece quando ainda era pequena, e através da foto do seu passaporte polaco, Giza reconheceu que era ela.

Foi assim que conheceu esta parte da sua história e que o escritor espanhol David Serrano conta no seu livro "O grito do caso", apresentado em julho no Uruguai.

Giza nasceu no gueto da Varsóvia e com oito messes foi retirada de lá, dentro de uma mala, pelos pais antes de morrerem.

Os seus pais biológicos morreram no campo de extermínio nazi mas a família de Danuta adotou e protegeu Giza durante toda a guerra.

"O que fizeram comigo, não sei se eu teria feito", confessou numa entrevista à CNN.

Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, Giza tinha seis anos e a sua vida deu uma reviravolta. Perdeu as duas famílias que tinha e foi parar a uma terceira com quem não tinha nenhum vínculo emotivo.

A irmã mais nova de Danuta nunca perguntou pela família que a albergou e nunca quis saber, como forma de se defender, e assim essa memória acabou por se perder.

Mas Danuta persistiu durante 65 anos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Danuta cuidava da sua irmã adotiva durante a manhã e durante a noite lutava na resistência. Após a guerra, considerada uma heroína e condecorada pela Polónia. E foi também considerada "justa entre as nações" pelo Yad Vashem, memorial oficial de Israel para lembrar as vitimas judaicas do Holocausto.

No ano de 98 escreveu um livro autobiográfico, que dedicou a Giza.

"Este livro encerra parte das recordações sobre ti. Ele confirma que na nossa casa não te esquecemos. De todo o coração estou contigo, da tua irmã mais velha Danuta", escreveu na dedicatória.

No primeiro reencontro as duas irmãs deram um abraço, "contido por sentimentos de muitos anos", contou Giza à CNN. As fotografias do reencontro, apesar dos muitos anos perdidos, mostram que são as mesmas meninas que brincavam no parque onde viviam em Varsóvia.

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