Foram para o paraíso para fugir ao apocalipse e encontraram o inferno
A líder de um culto apocalíptico sul-coreano foi condenada a seis anos de prisão por manter os seus seguidores cativos nas ilhas Fiji e submetê-los a tortura física e violência, noticiou a BBC.
Shin Ok-ju, que fundou a Grace Road Church [Igreja da Estrada da Graça], convenceu 400 pessoas a mudarem-se para as Fiji em 2014, alegando que estariam a salvo de um desastre natural iminente.
Não seria muito difícil convencê-las: este arquipélago no oceano Pacífico é um paraíso na Terra. Mas, uma vez chegados às Fiji, as ilhas revelaram-se um verdadeiro inferno para estes crentes: os passaportes foram retirados e muitos deles relataram terem sido espancados para "expulsar os maus espíritos". Shin acabou presa em julho passado.
"Eu perdi toda a minha família para um culto", reconheceu à BBC um sobrevivente da igreja Grace Road.
Na segunda-feira, um tribunal sul-coreano considerou Shin culpada de várias acusações criminais, incluindo violência, abuso infantil e fraude.
"As vítimas sofreram impotentes espancamentos coletivos e experimentaram não apenas tortura física, mas também um medo severo e um considerável choque mental", afirmou um juízo do Tribunal Distrital de Suwon. "A punição pesada é inevitável contra atos ilegais praticados em nome da religião", afirmou.
Cinco outros oficiais da igreja também foram condenados. A instituição não fez comentários oficiais.
Seoyeon Lee, uma mulher que escapou do culto em 2014, disse à BBC que estava "desapontada" com a decisão do tribunal. "A punição não se encaixava no crime. Ela deveria estar atrás das grades por muito mais tempo", disse Lee. "Mas é melhor do que nada", acrescentou. "Espero que isso encoraje o governo de Fiji a tomar medidas apropriadas e a dissociar-se da organização."