Fitch: Portugal deverá necessitar de apoio financeiro internacional
Em declarações à Agência Lusa, o analista da Fitch - que hoje cortou o 'rating' de Portugal em dois níveis e ameaça novo corte em mais que um nível - responsável pela análise de Portugal defende que a decisão se centra na avaliação da agência de que o apoio financeiro internacional está cada vez mais perto.
"Ainda há hipótese de Portugal não precisar de um resgate financeiro, e que se aguente pelos seus próprios pés, mas nós vemos agora como muito mais provável que irão necessitar de um resgate nos próximos meses, certamente até Junho", afirmou à Lusa Douglas Renwick.
Segundo este responsável, a Fitch questionava se Portugal precisaria ou não de um pacote de resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, sublinhando que agora pensam "que provavelmente irão necessitar" desse mesmo apoio.
Douglas Renwick diz que a agência tem sérias dúvidas de que Portugal consiga manter acesso aos mercados de dívida para financiar as amortizações das linhas de Obrigações do Tesouro que vencem em Abril e Junho, e ainda para financiar os défices do Estado, defendendo que as avultadas somas necessárias serão difíceis de angariar sem apoio financeiro.
Sobre este apoio, a agência diz mesmo que de uma perspectiva financeira tal seria positivo.
"De uma perspetiva de financiamento, seria bom para Portugal ter apoio oficial, porque assim teria financiamento assegurado da Europa, dando tempo ao país para corrigir os desequilíbrios nas suas contas públicas", defende.
O analista explica que apesar do estado de vigilância negativa, para possível novo corte (em mais que um nível), este não significa obrigatoriamente um corte garantido no 'rating' mas que a probabilidade é agora elevada, apontando a falta de clareza de quem poderá negociar o resgate e a necessidade do Estado de recapitalizar os bancos como fatores que podem afectar negativamente esta decisão.