Finanças atrasam obras no hospital militar

Há pelo menos um ano de atraso nas obras do Hospital das Forças Armadas devido à retenção dos saldos orçamentais de 2015
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Cerca de 20 milhões de euros destinados às obras do Hospital das Forças Armadas (HFAR), não usados até 2015, continuam por libertar pelas Finanças. Resultado: já há pelo menos um ano de atraso na modernização e alargamento da infraestrutura existente no Lumiar, soube o DN.

Essa preocupação foi transmitida ao Presidente da República pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) há um mês, durante a visita que Marcelo Rebelo de Sousa fez ao HFAR como forma de continuar a "exprimir a importância que devem merecer as Forças Armadas".

O CEMGFA, general Pina Monteiro, contudo, não quantificou publicamente os números do que então qualificou como "constrangimentos": a "autorização para transição dos saldos", como estipula um diploma legal de 2014.

Certo é que, olhando para o gráfico do "financiamento plurianual" apresentado ao Chefe do Estado, o valor programado para este ano com origem na transição de saldos aprovada no referido diploma de 2014 (uma resolução do Conselho de Ministros) é de 19,9 milhões de euros.

O segundo constrangimento indicado pelo CEMGFA foi o da "oportuna disponibilização das verbas" obtidas com a venda de edifícios castrenses, ao abrigo da Lei de Infraestruturas (LIM) - à cabeça dos quais estão os já alienados hospitais militares de Lisboa (Belém, Estrela e Santa Clara).

Voltando ao gráfico do "financiamento plurianual" para este ano, as verbas oriundas da LIM para este ano são de 1,4 milhões de euros e para aplicar em seis projetos de investimento (830 mil euros) e num sétimo, de 600 mil euros, "com financiamento dependente da eventual arrecadação de receitas próprias decorrente da alienação/rentabilização de património".

Um exemplo do atraso que a não entrega das verbas - "não se trata de mais dinheiro, mas do que já foi aprovado e não utilizado", enfatizou uma das fontes ouvidas pelo DN - está a causar prende-se com as obras de construção do parque de estacionamento: está tudo pronto há semanas, falta o dinheiro para assinar o contrato com a empresa que ganhou o concurso, explicou uma das fontes.

Ao nível do financiamento da atividade hospitalar, tem-se acentuado o peso das receitas próprias que compensam a redução das verbas oriundas do Orçamento de Estado: os 47% de 2015 ascendem este ano a 65%. Um constrangimento existente é o dos atrasos no pagamento dos cuidados de saúde prestados aos subsistemas das Forças Armadas e da Administração Interna (PSP e GNR), assinalou na altura o CEMGFA.

A par do financiamento, Pina Monteiro disse ao Presidente que a concretização do processo clínico eletrónico e a disponibilidade de recursos humanos - houve uma quebra de 31% de efetivos (753) militares e civis devido à integração dos vários hospitais militares até 2015 - são outras duas dificuldades com que o HFAR se confronta.

Marcelo Rebelo de Sousa juntou-lhe depois "um quarto desafio" e que "é cultural": o esforço feito pelos três ramos, cada um com a sua com "cultura própria", para se fundirem no HFAR, o qual "tem de ter êxito" porque "é fundamental" para as Forças Armadas.

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