Filmin aposta no cinema indie em casa por 6,95 euros/mês
Stefano Savio, italiano, Anette Duijisin-Muharay, chilena-húngara que cresceu em Portugal, e Adriano Smaldone, italiano, da distribuidora e associação Il Sorpasso, acreditam que pode haver bom negócio no video-on-demand (VOD) online em Portugal para o nicho do cinema independente. São eles os gerentes em Portugal da plataforma digital Filmin, que tem sede e grande sucesso em Espanha (onde o espectro dos filmes vai muito além do cinema de arte e ensaio).
A iniciativa tem a ajuda financeira do programa Media da Europa Criativa e o primeiro trunfo é o novo filme de Werner Herzog, Eis o Admirável Mundo em Rede, que estreia nos cinemas mas ao mesmo tempo pode ser visto nesta plataforma.
"Conseguimos um grande catálogo de cerca de 500 filmes de cinema autoral que pode ser visto em streaming na nossa plataforma. A ideia é crescer e ter também filmes de distribuidoras com as quais ainda estamos em conversações, co-mo a Cinemundo, a Leopardo, a NOS e a Pris. Queremos ser a referência em Portugal para o público mais cinéfilo, ou seja, abarcar todo o cinema de autor independente. Só não vamos ter cinema das majors de Hollywood. Queremos dar um grande destaque ao cinema português mas também vamos ter os mais célebres clássicos", começa por nos dizer Stefano Savio, que noutras funções é o diretor da 8 1/2 Festa do Cinema Italiano.
Numa altura em que os resultados em sala desse cinema de franja são cada vez mais deploráveis, estes três amigos acreditam que esta library possa ser uma alternativa para que os espectadores que gostem de cinema continuem a descobrir autores e novas tendências.
Os filmes não são descarregados para o consumidor mas sim vistos durante um certo período online. Por 6,95 euros mensais o cinéfilo pode servir-se como quiser do catálogo, mas quem preferir ver apenas um filme em específico paga 1,95 (3,95 se for novidade), seja no tablet, computador, televisão ou telemóvel, tal como acontece com a plataforma da NOS, a N-Play ou a Netflix. Segundo Adriano Smaldone, não são concorrência: "A N-Play é mais filmes só da NOS e com blockbusters e na Netflix o core são as séries. A nossa aposta é mesmo o cinema independente..."
Nesta abertura, há uma ideia de programação que passa por ciclos. Jim Jarmusch é alvo de uma homenagem com uma série de filmes do seu passado disponíveis. A ideia é a plataforma estar sempre em concordância com a atualidade e estão previstas associações com festivais como o My French Film Festival, Roterdão e Porto/Post/Doc, este último ainda em negociação.
Numa altura em que os hábitos de ver cinema estão a mudar e a pirataria continua a ser um hábito muito português, a Filmin chega na mesma semana que a Bold, uma label da distribuidora independente Alambique cujo objetivo é lançar um cinema mais alternativo em VOD e com antestreias pagas em locais improváveis. "A Bold vai trabalhar muito em parelha connosco", revela Anette, que lembra que para aceder a www.filmin.pt não é necessário a adesão a qualquer operadora de TV/telefone.