Filinto Lima: "Os alunos apresentam-se menos tolerantes, embora aparentemente mais solidários"
Que balanço faz do 1.º período deste ano letivo?
O regresso incondicional das comunidades educativas às escolas foi o ponto forte deste período. As aulas decorreram na sua totalidade de modo presencial, com maior aproveitamento para alunos e professores. Contudo, uma nuvem cinzenta (escassez de professores) continua a ensombrar o panorama educativo nacional, principalmente em Lisboa e Vale do Tejo e Algarve, mas já se estendeu ao centro e norte do país.
Foi o primeiro arranque de ano pós pandemia, sem restrições. Que diferenças houve em relação aos anos anteriores?
As relações entre os diversos elementos das comunidades educativas foram realizadas presencialmente, com um foco principal na concretização de uma socialização saudável. As escolas dispõem de mais material digital, tendo algumas avançado para o projeto-piloto de manuais digitais. Contudo, os alunos apresentam-se menos tolerantes, mais impacientes, embora aparentemente mais solidários.
Em que ponto de situação está o Plano de Recuperação de Aprendizagens?
Estamos no 2.º ano do Plano de Recuperação de Aprendizagens (PRA) mas, o ano passado, essa recuperação não se realizou conforme o previsto, em algumas escolas, pois o ano escolar foi atípico (pausas letivas alteradas, confinamento, escassez de professores...). O Ministério da Educação deverá pensar se é necessário, em algumas situações, o prolongamento do tempo previsto, de forma a realizar na íntegra o PRA de todas as escolas.
O período terminou com uma grande contestação por parte dos docentes. Vários sindicatos ameaçam com novas greves em janeiro. Antevê um início de 2.º período difícil?
Pelos pré-avisos até ao momento conhecidos, parece-me que o 2.º período terá um início semelhante, em termos de greve de professores, ao que agora termina. A greve por tempo indeterminado apresenta enormes dificuldades às famílias, principalmente ao nível do pré-escolar e 1.º ciclo, onde se notaram mais os constrangimentos. Atendendo ao grau de adesão à mesma, e tratando-se de uma greve atípica, prevejo dificuldades para os encarregados de educação. É necessário estabelecer o diálogo e chegar a um consenso. As escolas necessitam de paz e estabilidade.