São filhos ou familiares diretos dos funcionários do hospital e outras unidades do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra que participam num programa de férias, na Ludoteca do Pediátrico, a decorrer até ao início das aulas, em setembro.."Se ficarem doentes não há sítio mais seguro do que aqui, mas se não for grave mas contagioso, como em todos os ATL [Atividades de Tempos Livres], o natural é ficarem em casa", afirmou à Lusa Isabel Maia, presidente da Liga dos Pequeninos, do Hospital Pediátrico, que promove a iniciativa. .A ideia surgiu da necessidade sentida por muitos pais nesta altura do ano: onde deixar os filhos nas férias da escola?.Com infantários fechados em agosto, "por vezes os funcionários sentem dificuldade em acertarem férias", disse, sublinhando que "pessoas mais tranquilas e felizes [por terem os filhos perto] produzem mais", daí sugerir que outras instituições e empresas sigam o exemplo.."As famílias despendem muito dinheiro com atividades para ocupar os filhos, as empresas não gastariam tanto", afirmou..Fátima Filipe, funcionária do Hospital dos Covões e mãe da Beatriz, de 10 anos, e do Rafael, de cinco, sabe o quanto o projeto deu jeito.."Se não estivessem cá, estariam com a avó, mas eles estão a adorar. Com o fecho dos infantários somos obrigados a tirar férias na mesma altura, o que por vezes acaba por causar transtorno no serviço", comentou..Agosto "é sempre uma angústia" também para Ilda Viegas, avó da Mariana, de 10 anos, que "já correu todas as atividades" para férias em Coimbra.."Fiquei toda contente. Ela vem e vai comigo, o preço é o mais barato e se não estivesse cá seria um problema, ou pedia à empregada para entrar mais cedo ou chegava eu atrasada ao serviço, pois não podemos estar sempre a abusar de outras pessoas para ficarem com os nossos filhos", observou..Quem também recorreu às férias no hospital foi a própria administradora da unidade, Ana Rosete, com um filho e um sobrinho..Na Ludoteca, há estantes cheias de livros e jogos, instrumentos musicais, matraquilhos, computadores para jogos e televisão desligados, carros pelo chão e outros brinquedos em uso, uma cama onde se aprende a não ter medo do hospital e até um sofá e um pufe, mas é a mesa das pinturas e desenhos a mais concorrida..Jogos de cartas, trabalhos manuais, dinâmicas de grupo, dança, teatro de improviso, inglês, parque infantil (do próprio hospital) e cinema são outras das ocupações.."Em casa estávamos a apanhar uma seca", desabafou Laura, de oito anos..Estar no hospital pode também ser uma oportunidade de ir à procura do beijo da mãe quando as saudades apertam, como já aconteceu com algum dos mais pequenos..O contacto com as crianças hospitalizadas é restrito e cinge-se à sessão de cinema das quartas-feiras, altura em que os que estão de férias aproveitam para oferecer pipocas aos 'espetadores' doentes..Uma semana de férias custa 25 euros ou perto de 40, com o almoço na cantina do hospital, mas há quem leve a marmita de casa.."Por um custo mínimo - o suficiente para pagar materiais e seguro - os pais estão perto dos filhos e até podem almoçar com eles", afirmou a presidente da Liga, criada a 01 de junho. .O projeto 'Brincar no Hospital Pediátrico' conta com a colaboração de voluntários recém-licenciados e professores e destina-se a crianças dos quatro aos 12 anos.