Filho de Pujol ouvido em tribunal durante cinco horas

Jordi Pujol Ferrusola, filho do antigo presidente do governo da Catalunha, recusou hoje em tribunal ter cobrado comissões a troco de contratos públicos.
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Pujol Ferrusola foi hoje ouvido durante mais de cinco horas por um juiz da Audiência Nacional como arguido num processo em que é acusado de delitos fiscais e de branqueamento de capitais.

Em causa está uma investigação sobre a alegada ocultação de dinheiro não declarado em vários paraísos fiscais, num processo em que também está acusada a sua ex-mulher, Mercé Gironés, e que teve início depois de uma denúncia da sua ex-namorada Victoria Álvarez.

Pujol Ferrusola acabou por ser constituído arguido depois de uma investigação da Unidade de Delinquência Económica e Fiscal da Polícia (UEDF) e da Agência Tributária sobre o movimento de divisas entre 2004 e 2012 em 13 países, num total de 32 milhões de euros.

No seu relatório, a UDEF considera que Pujol Ferrusola recebeu os fundos a troco de serviços prestados a várias empresas adjudicatárias de obras públicas.

As autoridades suspeitam que na realidade se trataram de comissões por interceder a favor das adjudicações, algo que Pujol Ferrusola desmentiu durante a audição de hoje.

Fontes jurídicas explicaram que durante o interrogatório Pujol Ferrusola garantiu que todas as remunerações que recebeu das empresas em causa corresponderam a trabalhais reais e não fictícios, como argumenta a polícia.

A defesa de Pujol Ferrusola argumentou, durante a audição, que o pai do arguido abandonou a presidência da Generalitat (Governo regional) em dezembro de 2003, dois anos antes de que a maioria dos contratos investigados fossem adjudicados.

Este processo não envolve o pai, Jordi Pujol, uma das principais figuras da política catalã e que confessou numa carta, em 25 de julho passado, que a sua família não tinha regularizado uma fortuna no valor de mais de 4 milhões de euros, que alega serem provenientes de uma herança e que estavam depositados em bancos em Andorra.

Nesse dia, Jordi Pujol apresentou uma denúncia contra pessoas incertas por terem revelado a existência das contas da família.

A confissão de Pujol causou uma forte convulsão política na Catalunha e no resto de Espanha, com exigências de que o ex-presidente regional renuncie a todos os privilégios de que gozava em função do cargo que ocupou durante 23 anos.

Pujol deverá ser ouvido na próxima semana no parlamento regional, para o qual foi convocado por unanimidade das forças políticas com representação na câmara.

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