Feyisa Lilesa fez este gesto ao cruzar a meta na maratona. Agora teme pela vida

Atleta etíope celebrou a medalha de prata na maratona com um gesto de protesto contra o governo do seu país
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O etíope Feyisa Lilesa terminou este domingo a maratona em segundo lugar, atrás do queniano Eliud Kipchoge. Ao cruzar a meta, celebrou de forma insólita: levantou os braços e cruzou as mãos acima da cabeça. Um gesto de protesto contra o seu governo que, assumiu pouco depois o atleta, lhe pode custar a vida.

"Se eu voltar para a Etiópia, eles [o governo] podem matar-me", afirmou Lilesa na conferência de imprensa realizada após a maratona. "Ou talvez me prendam. Se não me prenderem, vão impedir-me de entrar na Etiópia", acrescentou, dizendo que só lhe resta ir "morar para outro país".

Em causa estão os confrontos entre forças governamentais e membros da etnia Oromo que têm acontecido na Etiópia desde o passado mês de novembro, nos quais se estima terem morrido já cerca de 400 pessoas.

Os confrontos tiveram início em manifestações contra um plano urbanístico governamental para expandir a capital do país, Adis-Abeba, que punha em causa terrenos de cultivo do povo Oromo.

Os Oromo são uma etnia seminómada que vive na região.

Ainda que o governo etíope tenha recuado no projeto, as manifestações não pararam, acusando o poder político de realizar detenções arbitrárias e de abusos contra opositores.

Do lado do governo, acusam os manifestantes de estarem ligados a grupos terroristas, como a Frente de Libertação Oromo, que quer a independência da região onde esta etnia é maioritária.

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