El Corte Inglés. Guerra de heranças termina com acordo de 8 milhões
É o fim de um prolongado conflito de heranças e de lideranças naquele que é o maior retalhista europeu em volume de vendas. O ex-presidente do espanhol El Corte Inglés vai receber oito milhões num acordo para deixar a administração do grupo, avança este domingo o El País. O entendimento foi alcançado ao fim do dia de ontem, pondo termo a um conflito entre Dimas Gimeno e as acionistas com o controlo dos armazéns, suas primas, Marta e Cristina Álvarez Guil.
O diário espanhol escreve que Dimas Gimeno aceitou sair pelo próprio pé, e antes de uma expulsão iminente, do grupo que em Portugal tem centros comerciais em Lisboa e Vila Nova de Gaia. O acordo foi negociado e aceite pelo conselho de administração do El Corte Inglés este sábado depois de Gimenos ter sido destituído do cargo de presidente em junho. O empresário manteve no entanto as funções não executivas que ocupava desde 2010.
O valor do acordo para o afastamento não foi anunciado pelas partes, mas o El País avança o montante de oito milhões da compensação que era reclamada pelo empresário pelas funções executivas ocupadas ao longo dos anos no grupo. O diário cita fontes próximas de Dimas Gimeno segundo as quais a decisão de avançar para a saída teve em conta a dimensão pública que o conflito estava a tomar e receios de prejudicar a imagem do El Corte Inglés. O afastamento do empresário da presidência em junho foi sustentado em oito votos favoráveis da administração e uma abstenção, e com críticas à estratégia digital que estava a seguir no El Corte Inglés. À semelhança dos restantes armazéns tradicionais, o grupo espanhol tem enfrentado forte concorrência do retalho online. Apesar disso, o grupo tem evidenciado bons resultados. O relatório do último ano do El Corte Inglés deu conta de um aumento de 25% nos lucros para 202 milhões de euros. Nos negócios de Portugal, o retalhista ampliou os ganhos em 36,7% para 24,6 milhões de euros - 12% dos lucros globais.
O El Corte Inglés renova agora o quadro de executivos. A primeira assembleia de acionistas do grupo espanhol sob a presidência de Jesús Nuño de la Rosa realizou-se este domingo, reintegrando na administração uma representante da holding familiar Ceslar, Carlota Areces, expulsa em 2016 por desacordo com a compra de 10% dos armazéns por Abdullah bin Nasser bin Khalifa Al Thani, primeiro-ministro do Qatar. Para o órgão entrou também como independente Fernando Becker, antigo executivo da Iberdrola e ex-membro do Senado espanhol pelo Partido Popular na década de 1990.