Festival também se faz nos bastidores
Caixas empilhadas e instrumentos alinhados. Tudo devidamente catalogado com etiquetas que revelavam um expressivo "Madness". Camiões com material de iluminação para reforçar um palco prestes a receber os Daft Punk… Enquanto os primeiros fãs reservavam calmamente os melhores lugares junto do palco, o backstage fervilhava de actividade. Ultimavam-se pormenores nos camarins dos artistas, preparava-se o catering para a produção do festival e acertava-se luz e som para os concertos da noite. Os bastidores guardam uma outra face do festival que poucos têm a oportunidade de conhecer.
Antes que os artistas cheguem, os camarins que asseguram a privacidade das bandas são devidamente preparados e as casas de banho limpas. "Já não é mau podermos ouvir alguns dos concertos", diz-nos a equipa de limpeza entre tarefas, que o tempo não é muito par grandes discursos. Os primeiros runners (dizem-nos que este é o nome dos motoristas dos miniautocarros que transportam as bandas) deixam o recinto para se assegurarem de que todos estão presentes à hora marcada. E ali perto, a zona de abastecimento tem já preparadas enormes quantidades do bem mais procurado pelos músicos e respectivas equipas: litros e litros de água para fazer esquecer o calor da Zambujeira. Além da água, flores, muitas flores.
Junto ao palco, entre geradores de electricidade e rampas de acesso, eram descarregados contentores com cabos e material de iluminação, instrumentos e tudo o que faz um concerto funcionar. Jorge Pinto é o assistente do stage manager e assegura que tudo decorre na perfeição. "Temos uma equipa de 12 pessoas que depois trabalham em coordenação com o staff de cada uma das bandas", revela-nos. Apesar do aparente nervosismo, tudo é feito por uma equipa com "hábitos adquiridos com muitos anos de palco", assegura, enquanto o walkie-talkie em constante burburinho divide as atenções. Mesmo os momentos menos fáceis - a montagem e desmontagem de toda a estrutura de som e luz - ficam ocultos pela boa disposição de todos os que asseguram o sucesso de cada concerto.
Já na zona de catering , a calma é bem maior. Tudo está preparado para receber a produção do festival que ali se deslocará no final do dia para a festa de aniversário do "bebé do Sudoeste". Contam-nos que assim é tratada a pequena Dânia, filha de um dos elementos da produção, que há seis anos quase nascia em pleno festival. O sucesso é tanto que já dá autógrafos como se fosse uma das estrelas do cartaz.
A visita pelos bastidores do festival passa ainda pelas instalações da Cruz Vermelha. Um mini-hospital totalmente equipado para socorrer os festivaleiros nas mais diversas ocorrências. "A nossa equipa é constituída por 12 socorristas, dois médicos e quatro enfermeiros", diz-nos Ricardo Galamba, coordenador da equipa que todos os anos vem de Beja para a Zambujeira com verdadeiro "espírito de missão". "Até ao momento foram registadas 874 ocorrências. Cortes e picadelas de insectos na maioria dos casos, nada de muito grave", revela-nos. Num ano em que se registam "muito poucas situações de excesso de álcool, comparando com edições anteriores", Ricardo Galamba lamenta o incidente que na sexta-feira vitimou uma jovem, mas congratula-se pelo trabalho desenvolvido por toda a equipa.