Festival leva filmes e atores à mais antiga região demarcada do mundo
A passadeira vermelha estendida na entrada do Teatro Municipal de Alijó atraiu muitos curiosos que espreitavam pelas janelas a tentar reconhecer quem entrava no edifício.
"Estou triste por não poder entrar. Deixei a minha caminhada para vir aqui ver uma coisa que se está a passar em Alijó e que parece bonito, mas não podemos entrar, não é justo", afirmou à Agência Lusa uma habitante deste concelho que não se quis identificar.
Esta curiosa queria ver Ruy de Carvalho, que integra o elenco do filme A Morte de Carlos Gardel, mas sabendo que o actor não viajou até ao Douro ficou mais "reconfortada".
Não veio Ruy de Carvalho, mas veio Joana de Verona, Rui Morisson e a sueca Solveig Nordlund, que realizou o filme a partir do livro de António Lobo Antunes.
Joana de Verona nasceu no Brasil e viveu em Vila Real. Por isso, diz que esta foi "uma mistura pertinente e engraçada". A terceira edição do Douro Film Harvest tem como país convidado o Brasil e decorre nos palcos de Alijó, Pinhão, Favaios, Vidago e Penedo.
A actriz destacou a descentralização proporcionada pelo evento, ao estrear este filme no Douro, uma ideia partilhada pelo actor Rui Morisson. "É óptimo. Estreias em Lisboa é o que há mais. É a descentralização. Devia acontecer mais vezes", afirmou o actor.
Joana de Verona destacou ainda o estreitar de relações entre Portugal e Brasil em termos cinematográficos.
Já o presidente da Câmara de Alijó, Artur Cascarejo, preferiu destacar que aquele país da América do Sul é neste momento um dos mercados emergentes do vinho do Porto, produzido no Douro vinhateiro, e que esta mostra de cinema pode servir para ajudar a aumentar ainda mais as exportações. Salientou ainda a afirmação do Douro do ponto de vista cultural.
O presidente do Douro Film Harvest, Manuel Vaz, confessou que espera mais espectadores nesta terceira edição da mostra de cinema do Douro. No ano passado, a organização contabilizou 4022 espectadores, com sessões com 1200 e outras com 20 a 40 presenças.
"Costumo dizer que é mais fácil encher o Pavilhão Atlântico do que uma sala de cinema no Douro. Por isso temos aqui uma missão assumida de formação de públicos", sublinhou.
O responsável salientou ainda a experiência que este ano vai ser feita em adega, na cooperativa de Favaios, em que se vai juntar o cinema à enologia, com possibilidade de ver como se faz o vinho na mais antiga região demarcada do mundo.
Enquanto observava os convidados a cruzar a passadeira vermelha, a popular de Alijó desabafou ainda: "Gostava de ver ao vivo os brasileiros que conhecemos das novelas".