Fejsa, o "coração da equipa", tem sido amuleto para títulos
Fejsa poderá continuar a fazer história já no próximo sábado caso volte a sagrar-se campeão pelo Benfica. É um feito único atualmente nas principais ligas mundiais, pois desde 2008 que é campeão consecutivamente, primeiro no Partizan de Belgrado, na Sérvia, depois no Olympiacos da Grécia e, desde 2013, nos encarnados. Será o médio um amuleto para as suas equipas? Foi algo que o DN foi tentar perceber junto de ex-colegas de Fejsa, que preferem descrever o sérvio como o coração das equipas por onde passou.
Fejsa começou a carreira ao mais alto nível no Hadjuk Kula, com 17 anos, em 2006. Duas épocas a titular na primeira liga da Sérvia serviram para chamar a atenção do poderoso Partizan, onde se estreou então com 20 anos. Um dos que acompanharam de perto este início no Partizan foi o brasileiro Juca, que já representava o clube sérvio antes da chegada do médio em 2008. Fejsa pegou de estaca e Juca explica porquê.
"Era ainda miúdo, mas conquistou logo a confiança de todos. Muito trabalhador, sempre bastante calado, ouvia tudo o que o treinador e os mais velhos lhe explicavam. Acompanhei o seu trajeto e confesso que não me surpreendeu", afirmou, explicando a importância de Fejsa numa equipa.
"Como disse, ele demonstrava logo nessa altura que estava ali para aprender. O Partizan era um clube grande e ele vinha de outro mais pequeno, mas não demonstrou medo. Sulejmani disse que era um treinador em campo? Na altura havia jogadores mais experientes, que tinham também esse papel, mas apesar da sua juventude ele era mandão e também um daqueles em que o treinador mais confiava", salientou, comparando-o a um dos melhores médios defensivos do mundo. "Busquets, ninguém dá por ele, mas está em todo o lado. São muito importantes."
Seguiu-se aventura helénica
Terminado trajeto num dos maiores clubes da Sérvia, onde privou também com o ex-benfiquista e ex--sportinguista Markovic, seguiu-se o maior emblema da Grécia, o Olympiacos, em 2011-2012. O ex--leão Pablo Contreras, que passou ainda pelo Sporting de Braga, foi seu companheiro no clube helénico e desde cedo, segundo o próprio, percebeu que estava ali alguém diferente.
"Só começou a jogar de forma regular quando Leonardo Jardim foi substituído, mas o seu empenho nos treinos foi sempre igual. Era um jogador que não criava problemas, dava sempre apoio aos colegas e nunca o ouvi dizer nada sobre as opções de Leonardo Jardim. Quando o treinador saiu acabou por fazer o resto da temporada na equipa e não surpreendeu ninguém. Era uma pessoa diferente do típico jogador de futebol. Muito reservado, a sua família estava sempre presente, bastante educado e muito inteligente", disse Contreras, que não se mostra surpreendido com o seu sucesso na Luz: "Falava-se da saída para a Alemanha e Itália, mas o Benfica acabou por contratá-lo. É um grande jogador."
A festejar na Luz desde 2013
Entre altos e baixos na Grécia, pois na época de estreia, em 2011, lesionou-se e falhou metade da época - daí também a sua dificuldade em encaixar no onze de Leonardo Jardim -, Fejsa conseguiu encantar Jorge Jesus, que pediu a contratação do sérvio para o Benfica em 2013. Era visto como o substituto do compatriota Matic, que rumou ao Chelsea, e pegou de estaca.
"Não cheguei a jogar com ele no Partizan, mas depois encontrei-o no Benfica. Antes de ir para o Partizan já era muito valorizado no Kula, onde era visto como um dos melhores jogadores do campeonato", começou por revelar ao DN o ex--benfiquista Sulejmani, destacando aquilo que tem feito Fejsa vingar em todos os clubes.
"É um dos melhores profissionais que conheci. Não sabia que tinha tantos títulos seguidos. É certo que passou por grandes clubes nos campeonatos onde jogou, mas ele é sempre fundamental também por onde passa. É perfeccionista e isso agrada a qualquer tipo de treinador. É aquele jogador que faz quase tudo bem nos treinos, nos jogos, é um treinador em campo, o coração de qualquer equipa. Não fala muito, mas os seus gestos explicam-nos o que fazer e o que ele vai fazer", confessou ao DN o internacional sérvio, atualmente ao serviço do Young Boys da Suíça.
Cinco podem ser tetra
Do atual plantel dos encarnados, são cinco os jogadores que se podem sagrar tetracampeões pelo Benfica. Além de Fejsa, Luisão, Jardel André Almeida e Salvio estão no plantel das águias desde 2013--2014.
Também o guardião Paulo Lopes fez parte da equipa desde então, mas não foi campeão, pois nunca foi opção para Jorge Jesus.