Vitória portista e liderança à condição apesar de valentes sustos
O FC Porto é o novo líder da I Liga após a vitória sofrida (1-2) deste domingo em Santa Maria da Feira. Esta liderança, contudo, é à condição, já que o Benfica só entra em campo esta segunda-feira, recebendo o Belenenses, na Luz. Diante do último classificado, os dragões começaram a perder, deram a volta ainda antes do intervalo, mas nunca estiveram tranquilos - no final apanharam mesmo dois valentes sustos. Uma equipa que em certos momentos pareceu cansada devido ao desgaste do jogo de quarta-feira com a Roma.
Vamos começar pela equipa derrotada. O Feirense, último classificado, entrou este domingo para a história da Liga portuguesa. E pelos piores motivos. A equipa de Santa Maria da Feira somou o 23.º jogo consecutivo sem vencer para o campeonato, algo inédito na história da I Liga. O último triunfo dos fogaceiros aconteceu a 20 de agosto do ano passado, quando venceram fora o V. Guimarães, na 2.ª jornada. De então para cá, 15 derrotas e oito empates. O resultado deste péssimo registo é o último lugar que a equipa ocupa, com apenas 14 pontos e praticamente condenada à descida de divisão. Isto apesar da boa imagem deixada frente ao FC Porto.
Sérgio Conceição seguiu a máxima de que em equipa que ganha não se mexe. E lançou em campo precisamente o mesmo onze que na última quarta-feira venceu a Roma (apesar do desgaste de terem jogador 120 minutos), num jogo que permitiu aos dragões marcar lugar nos quartos-de-final da Liga dos Campeões.
Movidos ou não em tentar impedir esse recorde nacional negativo, os jogadores do Feirense entraram muito bem no jogo, jogando em pressão alta e em velocidade. Aos três minutos, a equipa já tinha ganho dois cantos. E aos quatro colocou-se em vantagem, com um golo de Felipe na própria baliza, num lance que começa num cruzamento de Farias e que depois numa bola dividida com João Silva, o central portista fez autogolo.
Quase logo a seguir, aos 10 minutos, Casillas teve de se aplicar num remate de Sturgeon para impedir o segundo golo do Feirense. Eram momentos de alguma aflição que faziam Sérgio Conceição desesperar no banco. Mas na sequência de um lance de bola parada, o FC Porto empatou a partida. Corona cobrou o pontapé de canto e Danilo apareceu a cabecear com força naquele que foi o seu primeiro golo esta temporada. Poucos minutos depois, uma falha de energia numa torre de iluminação (já tinha atrasado o jogo em alguns minutos), interrompeu o jogo durante oito minutos.
Os jogadores trocaram umas bolas no relvado para não arrefecerem e Soares Dias mandou prosseguir o jogo já com a torre bem iluminada. E na sequência de um novo canto cobrado por Corona, o FC Porto colocou-se em vantagem aos 36', por intermédio de Pepe, numa recarga após um primeiro remate de Alex Telles. Conceição respirou de alívio e viu ainda no final da primeira parte o guarda-redes Caio Secco negar um golo a Soares. O intervalo chegou com a sensação de que o Feirense iria discutir o resultado, com um meio campo batalhador e Sturgeon e Tiago Silva a assumirem-se como os jogadores mais perigosos.
O FC Porto baixou a intensidade na segunda parte, com jogadores influentes como Marega e Otávio muito abaixo do que é normal, talvez com a equipa a pagar a fatura dos 120 minutos (muito) intensos disputados contra a Roma na quarta-feira. O Feirense também não foi a equipa atrevida do primeiro tempo, apesar de trocar bem a bola entre os seus jogadores E por isso os primeiros 25 minutos da segunda parte foram um grande bocejo.
Aos 70 minutos, os dois treinadores mexeram nas equipas para tentar agitar o jogo. Conceição tirou Marega e lançou Brahimi (o FC Porto passou a jogar em 4X3X3) e no Feirense entrou Ofori para o lugar de Luís Machado. O argelino teve logo um bom lance minutos após ter entrado, mas a jogada não teve o melhor seguimento.
Aos 83', Babanco saiu lesionado (deixou o relvado em maca após um choque com Otávio) e o treinador do Feirense lançou Edinho, passando a jogar com dois pontas de lança. Conceição respondeu logo de seguida com as entradas de Óliver e Manafá para os lugares de Otávio e Corona. Até ao final, os dragões apanharam dois valentes sustos. Primeiro num lance em que Crivellaro surgiu em boa posição, valendo o corte de Pepe. E depois, já na compensação, um remate de Briseño que raspou no poste da baliza de Casillas. O apito final chegou e os jogadores portistas puderam finalmente respirar de alívio.
Num jogo onde não houve propriamente um jogador que tivesse brilhado, o destaque vai para o mexicano do FC Porto. Foi ele que cobrou os dois cantos que resultaram nos dois golos dos dragões e além disso esteve exímio nos passes para finalização (4) e nas recuperações de bolas no meio-campo. Tudo isto pouco dias depois de ter renovado contrato com o FC Porto até 2022. Foi dos jogadores que menos sentiu os efeitos dos 120 minutos jogados quarta-feira contra a Roma. Saiu aos 85' dando o lugar a Manafá.
Jogo no Estádio Marcolino de Castro, em Santa Maria da Feira.
Feirense - FC Porto, 1-2.
Ao intervalo: 1-2.
Marcadores: 1-0, Felipe, 4' (própria baliza); 1-1, Danilo, 18' e 1-2, Pepe, 35'.
Feirense: Caio Seco, Edson Farias, Flávio Ramos, Briseño, Vítor Bruno, Aly Ghazal, Babanco (Edinho, 84'), Luís Machado (Ofori, 70'), Tiago Silva, Sturgeon (Crivellaro, 79') e João Silva.
Treinador: Filipe Martins.
FC Porto: Casillas, Militão, Felipe, Pepe, Alex Telles, Otávio (Oliver, 86'), Danilo, Herrera, Corona (Manafá, 85'), Marega (Brahimi, 70') e Soares.
Treinador: Sérgio Conceição.
Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto).
Ação disciplinar: cartão amarelo para João Silva (18'), Vítor Bruno (34').
Assistência: Cerca de 4500 espectadores.