Federer adiou regresso. Será que volta aos courts?
A lesão no joelho direito que obrigou Roger Federer a ser operado três vezes em ano e meio, limitou-o a escassas 13 partidas em 2021 e pode ser responsável pelo fim da carreira. Ele não o assume, mas vai dizendo que aos 40 anos o "fim está próximo" apesar de assumir ainda querer "disputar alguns jogos grandes". Para já anunciou numa entrevista que não jogará o Open da Austrália em janeiro e "ficaria extremamente surpreendido" se conseguisse jogar Wimbledon em julho. O que significa que também falhará Roland Garros em maio do próximo ano.
"Serei capaz de retomar a preparação silenciosamente em janeiro e voltar aos treinos no court em março ou abril. Então, calculo que o meu regresso à competição no verão de 2022. Ficaria extremamente surpreendido de poder jogar em Wimbledon. Neste verão, decidimos operar o menisco, o que envolve algum tempo de inatividade, por isso os médicos aproveitaram para tratar também a minha cartilagem. A combinação dessas duas intervenções requer paciência e prudência", confessou o tenista ao jornal suíço Le Matin.
O octacampeão da relva londrina e heptacampeão no piso rápido de Melbourne garante que fará uma "última tentativa" para o regresso num Grand Slam, restando-lhe o US Open em agosto de 2022 e numa altura em que já terá 41 anos. A idade é um fator é ter em conta na recuperação, mas se alguém já provou ser capaz de se reinventar para lá da idade foi Federer.
Ele quer despedir-se no court. "É por isso que dou tudo de mim na minha reabilitação. Sejamos claros, a minha vida não vai entrar em colapso se eu não jogar uma final de Grand Slam novamente. Mas seria o maior sonho voltar. E ainda acredito nisso. Eu acredito nesse tipo de milagres", confessou o suíço, considerado o melhor tenista de todos os tempos e que atualmente ocupa a 16.ª posição do ranking mundial. Um milagre como aquele de 2019, quando regressou ao circuito depois de mais de meio ano fora por lesão e venceu o Open da Austrália.
Federer considera que tento ele como os adeptos merecem um último esforço por uma despedida digna. Ou pelo menos melhor do que a imagem deixado no último jogo, com Hubert Hurkacz: "O mais fácil para mim seria dizer "vamos parar", mas mereço algo maior do que a imagem que deixei no último encontro que joguei. Esta é a minha forma de dizer aos adeptos "obrigado". Eles merecem uma imagem melhor do que a que viram em Wimbledon."
Mas são muitos os que acham que Federer já disse adeus sem o saber ou querer. É o caso do biógrafo de Roger Federer. "Não acredito que ele volte ao circuito ATP. É um palpite. Acredito que ele vai perceber, durante o processo de reabilitação, que o tempo mudou. Os rapazes novos chegaram. Ele tem muita coisa para fazer na vida dele. Aos 40 anos, vai conquistar mais o quê? Até pode voltar, mas será um regresso lento e difícil. Não acho que conseguirá vencer mais Grand Slams. E acho que não será feliz se não tiver chances de vencer estes torneios", disse há dias Christopher Clarey, jornalista do New York Times ao Estadão.
Nascido em Basileia em 8 de agosto de 1981, Roger Federer é recordista de títulos de Grand Slam com vinte conquistas, a par de Novak Djokovic e Rafael Nadal. Está no circuito profissional desde 1998 e já disputou cerca de 1450 encontros em 21 anos.
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