Armando Carvalho lembrou, em declarações à Agência Lusa, que o Estado, de acordo com a lei dos baldios, já é entidade co-gestora e as terras que pertencem às comunidades locais, aldeias ou freguesias "são utilizadas para diversos fins, incluindo a pastorícia e a agricultura".."Se o Governo aponta aos baldios estes estarem abandonados, isso não é verdade, mas quando isso se verifica é preciso ver de quem é a responsabilidade. E esta é do Estado, porque a lei determina que este co-gestor dos baldios é responsável pelo acompanhamento técnico, logo, se há desleixo, chame-se à responsabilidade o Estado", apontou..Armando Carvalho argumentou ainda que os baldios são áreas rurais com uma "ocupação real" pelas comunidades, com um "papel importante na pastorícia", e destacou a sua importância para o aumento dos efetivos das raças autóctones. O responsável apontou também a produção agrícola e a dimensão da floresta integrada nos baldios que é "devidamente explorada"..Esta reação do presidente da Baladi surge depois de o Governo ter aprovado hoje a criação de uma bolsa de terras para fins agrícolas, florestais e silvo pastoris, que serão disponibilizadas de forma voluntária pelos privados, que terão como "estímulo positivo" a redução do imposto municipal sobre imóveis (IMI)..Segundo a ministra da Agricultura, a proposta de lei aprovada esta manhã tem como "objetivo geral facilitar o acesso à terra no total e absoluto respeito pela propriedade privada".."O grande objetivo é aumentar a nossa produção, quer na área agrícola, quer na área florestal, e também atrair mais gente para a agricultura, nomeadamente jovens", sublinhou Assunção Cristas, na conferência de imprensa realizada no final da reunião semanal do conselho de ministros..A nova bolsa de terras irá integrar terras do Estado, terras de particulares, terras que estão sem uso agrícola e não têm dono conhecido, ou seja, que são "terras abandonadas", e baldios..Perante este objetivo da bolsa de terras, o presidente da Baladi afirmou ainda que "em nada estará a federação contra", desde que "seja respeitada escrupulosamente a lei dos baldios" e que, se o Estado não conseguir "assumir a sua responsabilidade de co-gestor, então passe esse papel para os compartes", que são a outra entidade co-gestora dos baldios..Armando Carvalho notou ainda que o Estado recebe 60% das receitas da exploração dos baldios, enquanto as comunidades locais apenas 40%, e, "apesar disso, se alguma razão existe quando se diz que há baldios abandonados, isso é resultado da ausência da parte do Estado na sua gestão", cuja natureza é, por lei, essencialmente técnica.