Fecho ditou 40 quilómetros de arquivos para estudar e recuperar

O Ministério da Administração Interna (MAI) vai estudar, classificar e recuperar, nos próximos dois anos, os 40 quilómetros de documentação que esteve a cargo dos governos civis, entretanto extintos.
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Em declarações à Agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna garantiu estar prestes a iniciar-se, em conjunto com especialistas pelo menos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, uma "tarefa muito demorada", que passará pela análise de toda a documentação, praticamente "papel a papel".

"Herdámos 40 quilómetros de arquivos no país inteiro, e naturalmente isso vai ser uma tarefa muito demorada. Estamos a prever cerca de dois anos", sublinhou Juvenal Peneda.

O objetivo da equipa técnica que o MAI está a reunir passará por separar toda a documentação armazenada durante mais de um século pelos 18 governos civis, entre a que não tem interesse histórico e aquela que deve ser preservada e guardada nos arquivos distritais ou na Torre do Tombo.

"Separar daquilo que deve ficar sem interesse ou com interesse meramente contabilístico e que daqui a cinco ou dez anos pode ser destruído, porque não tem valor histórico. E isso é um trabalho muito à lupa", garantiu.

Como exemplo, Juvenal Peneda, aponta o caso do governo civil de Lisboa, onde até agora foram guardados "todos os resultados de todas as eleições" realizadas no país desde 1895.

"É o único sítio onde isso existe. Estão lá nos sótãos, meios perdidos, mas a recuperação desse tipo de material é de um interesse muito importante para o país todo e não pode ser confundido com reciclagem de papel, como é evidente", rematou o governante.

O MAI garante que este processo de seleção, classificação e recuperação dos arquivos será "muito dispendioso e demorado", mas deverá concluir com a "disponibilização pública" de alguma "documentação preciosa" até agora guardada.

A extinção dos governos civis e a legislação que transfere as suas competências para outras entidades públicas foram aprovadas no Conselho de Ministros de 08 de setembro de 2011 e uma semana depois no Parlamento.

O MAI considerou, na altura, que o Governo pensa poupar anualmente, com este encerramento, cerca de 3,5 milhões de euros, além de 40 a 60 milhões indiretos, nos próximos anos.

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