FC Porto: a depender do treinador (outra vez)

Publicado a
Atualizado a

O FC Porto 2016-17 ainda é uma incógnita, mas, tendo em conta o que foram os últimos três, vai voltar a depender do treinador. Que não deve ser José Peseiro, ainda que convém não menosprezar uma eventual vitória na final da Taça de Portugal, que às vezes tem efeitos surpreendentes nos dirigentes. Mas ter perdido três jogos em casa é demasiado - tendo conseguido perder com o último, na altura, o Tondela - para que o treinador coruchense possa ser bem-visto no Dragão. Peseiro tem falado em conversas privadas em seis bons jogadores para entrarem diretamente no onze, provavelmente dois centrais, um lateral esquerdo, um número 10, um ponta-de--lança e um extremo. Vai haver mudanças grandes no plantel, presume-se por isso, e dos vários jogadores emprestados apenas dois (Josué e Rafa) têm garantido, pelo próprio Pinto da Costa, o regresso ao Dragão.
Na defesa, sabe-se do interesse em dois centrais experientes (Felipe, do Corinthians, e Bruno Alves, do Fenerbahçe), porque foi muito evidente o erro de não ter procurado novas soluções nessa zona - Lopetegui conseguiu quase tudo mas pelos vistos não conseguiu (ou não pediu) um central indiscutível. Depois da saída do espanhol, também Peseiro e a estrutura não resolveram essa gritante necessidade. Layún quer continuar mas o FC Porto acha caro os seis milhões pedidos e não se sabe o que vai acontecer. Rafa será o outro concorrente para a lateral esquerda. Indiscutível, na faixa direita, é Maxi, uma das poucas decisões da SAD consensuais nas últimas contratações.
Na baliza, Casillas disse que vai continuar, uma decisão que não encontrou grande entusiasmo nos adeptos e que vai condicionar o orçamento da próxima temporada pelos custos associados. Helton também tem contrato, por seu lado, e as esperanças em Gudiño têm baixado nas últimas semanas - ainda não está pronto, muito longe disso. Mas há Sá, Ricardo, Andrés Fernández, Diogo Costa (grande futuro pela frente para o homem que defende a seleção sub-17 no Europeu).
Herrera deve sair
No meio-campo, setor com as melhores e mais numerosas soluções da época que está a chegar ao fim, deve entrar, finalmente, um número 10, enquanto Herrera deve sair, já que se torna necessário fazer dinheiro e o mexicano tem mercado. Como Brahimi, cujo passe já se disse estar vendido mas sem confirmação e que há um ano Pinto da Costa se empenhou em segurar, apesar do interesse de vários clubes. Mas as coisas não correram bem. O argelino, se sair, não sairá em grande, como merecia.
No ataque, André Silva vai estar no plantel, isso é certo - e goza de grande simpatia dos adeptos. O resto é uma incógnita. Suk pode começar a época (é, pelo menos, um bom suplente), Marega não - foi um erro muito evidente adquirir um jogador que só em contra-ataque pode ter alguma utilidade, mas o FC Porto voltou a preferir passar a perna ao Sporting em vez de ter ideias claras sobre o tipo de jogadores de que necessita e com a qualidade para entrar no plantel. Um 9 fiável é, porém, essencial, e falta saber se Aboubakar o será.
Certo é que o FC Porto precisa de encontrar paz, que não tem tido nos últimos anos, que lhe permita cometer menos erros, depois de se ter entregado nas mãos inexperientes de Lopetegui. Agora, o FC Porto vai voltar a ter um treinador português, isso é certo, seja ele Peseiro ou não. Mas, neste ano o FC Porto ficou a 15 pontos do campeão e a 13 do vice. Essa distância não se ultrapassa só com jogadores. Nem só com um novo treinador, decisão crucial, claro, mas menos decisiva do que encontrar outra vez a força da estrutura. Que se perdeu de forma evidente. Não se pode depender de um treinador, unicamente.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt