Farage compara antirracistas a talibãs e perde programa de rádio
O líder do Partido do Brexit, Nigel Farage, ficou sem o seu programa de rádio diário na LBC depois de ter comparado o derrube de uma estátua do antigo esclavagista Edward Colston pelos manifestantes antirracismo em Bristol, no Reino Unido, à destruição das estátuas de Buda por parte dos talibãs no Afeganistão, em 2001.
"Os talibãs adoram explodir e destruir monumentos históricos de outros tempos, com os quais não concordam", disse Farage, antigo líder do UKIP, à estação de televisão ITV, falando num exemplo "assustador" da irracionalidade de uma multidão.
A LBC disse no Twitter que o contrato com Farage estava a acabar e "depois de discussões com ele", o líder do Partido do Brexit vai deixar a rádio de imediato. Agradeceram ainda a "enorme contribuição" que deu à LBC e desejaram-lhe sucesso.
O The Nigel Farage Show ia para o ar cinco dias por semana, às 18.00. Na quarta-feira, despediu-se dos ouvintes dizendo que voltaria como normalmente esta quinta-feira, mas a programação foi entretanto alterada. Farage fazia o programa político, no qual os ouvintes eram convidados a participar, há três anos.
A decisão de afastar Farage surge depois de os proprietários da estação de rádio, a Global Radio, terem sido criticados por alguns dos próprios apresentadores sobre a resposta que deram aos protestos antirracistas, que surgiram após a morte do afro-americano George Floyd às mãos da polícia nos EUA.
Um porta-voz da Global Radio disse à BBC que a empresa tinha dado "vários passos nos últimos dias" para melhorar a sua inclusão, incluindo a formação de um grupo para analisar a situação das minorias. "Dito isto, reconhecemos que há ainda muito a fazer. A Global está comprometida em recrutar o maior nível de conhecimento e experiência, independentemente do género, raça, orientação sexual ou deficiência".
O Partido do Brexit de Farage venceu as eleições europeias do ano passado, tendo como ponto central do programa a saída do Reino Unido da União Europeia. O seu apoio caiu a pique depois de Boris Johnson, à frente do Partido Conservador, ter garantido esse mesmo Brexit a 31 de janeiro.