A família da mulher morta pela PSP por engano na quarta-feira, numa perseguição policial em Lisboa, diz não ter dinheiro para levar o corpo para o Brasil, o país de onde Ivanice Carvalho da Costa saiu para emigrar para Portugal aos 19 anos..A mãe de Ivanice disse ao portal G1, da Globo, que espera que o Estado português providencie o repatriamento do corpo. "Eu queria que [me] trouxessem ela, já que a culpa é deles, que a culpa é do Governo, do Estado, que eles me mandassem a minha filha. Nós não temos [condições], porque deve ser muito caro. Eu queria minha filha aqui, pelo menos isso", disse Maria Luzia da Costa..A família da vítima, que vive no noroeste do Paraná, contou ao portal como Ivanice Carvalho da Costa estava a caminho do trabalho quando foi atingida. "Ela estava indo trabalhar de madrugada e o companheiro dela, diz que havia tido um assalto e a polícia estava perseguindo um carro e que o carro dele era parecido. Como ele não tinha habilitação, a polícia mandou ele parar e ele não parou, fugiu da policia, a polícia então foi atrás e atirou, e matou a minha filha.".Em comunicado, a PSP alegou que o carro, um Renault Megane, "aparentava corresponder às características da viatura suspeita", um Seat Leon e que o condutor "desobedeceu à ordem de paragem" tendo "durante a fuga, tentado atropelar os polícias, que tiveram de afastar-se rapidamente para não serem atingidos e, em ato contínuo, os polícias foram obrigados a recorrer a armas de fogo"..Ivanice Carvalho da Costa, de 36 anos, tinha chegado a Portugal há 17 anos. Segundo a mãe, trabalhava no mesmo sítio desde que tinha chegado a Lisboa, uma loja no aeroporto, e gostava de viver no país. "Ela gostava, eu sempre falava 'vem embora Nicinha, vem embora Nicinha' e ela falava que não vinha.".Segundo a mãe, o governo português ainda não entrou em contacto com a família no Brasil..A embaixada do Brasil em Lisboa, por outro lado, confirmou ao G1 que foi contactada e que está a acompanhar o caso. "A família da vítima já entrou em contacto com o Consulado-Geral do Brasil em Lisboa, que prestará o apoio cabível. A Embaixada acompanha atentamente o caso e aguarda novas informações a respeito do inquérito com vistas a determinar o curso de ação a ser tomado", informou em comunicado..A Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um inquérito ao caso, para apurar o que aconteceu e identificar os agentes envolvidos que, depois, serão alvo de inquérito disciplinar. A investigação do processo-crime está a cargo da secção de Homicídios da Polícia Judiciária de Lisboa.