Experimenta Design sob o signo da transformação

A bienal Experimenta Design (EXD'13) realiza-se em novembro, em Lisboa, sob o signo da "transformação" e subordina-se, pela primeira vez, a um mote, "no borders" ("sem fronteiras"), anunciou hoje a sua diretora Guta Moura Guedes.
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A EXD'13 realiza-se em Lisboa, de 07 de novembro a 22 de dezembro, e tem três núcleos essenciais, a zona de Belém, a do Chiado e o Tejo, assumindo "uma relação com o rio", como afirmou Guta Moura Guedes, na apresentação da iniciativa, que decorreu hoje, em Lisboa.

O programa inclui exposições, conferências, "workshops", fóruns, intervenções urbanas e acolhimento de projetos independentes, tendo um orçamento de 1,6 milhões de euros, com um financiamento da secretaria de Estado da Cultura de 100.000 euros.

A responsável realçou hoje, na apresentação da programação, o "pioneirismo" da bienal portuguesa, nomeadamente ao "ligar a economia à cultura".

No âmbito do "ano de transformação", como disse hoje Moura Guedes, a responsável citou a ligação ao Brasil com a concretização, em agosto do próximo ano, de uma bienal em S. Paulo, e que remata uma relação de seis anos. Por outro lado, haverá "novos formatos e formas de desenvolver os conteúdos e de os apresentar ao público".

Moura Guedes sublinhou que a bienal de 2013 acentua "o caráter de experimentação e inovação".

Falando aos jornalistas, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que participou na apresentação, afirmou que a Experimenta Design é "uma iniciativa que parte do design para pensar o território e também o modo como intervimos em sociedade".

O governante não escondeu o interesse nos projetos de intervenção urbana que vão ser desenvolvidos na zona de Belém, para a qual pretende "uma gestão integrada".

Guta Moura Guedes referiu que vai ser estudado um projeto, tendo em conta "o retângulo único" constituído pela Cordoaria, a Torre de Belém, o Centro Cultural de Belém, o Museu de Etnologia, o Palácio da Ajuda e o rio Tejo e que reúne "o maior número de património ligado às Descobertas".

Outro projeto, nesta zona lisboeta, é a ligação entre a praça do Império, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, e a linha do rio, um projeto que foi buscar o título a Fernando Pessoa, "Pelo Tejo vai-se para o mundo".

Também nesta zona haverá uma proposta de estudo e investigação da sinalética no Jardim Tropical.

O Palácio dos Condes da Calheta, localizado no interior deste jardim, será palco da exposição "Mapping the world" e vai ao encontro do mote da bienal, que é "entender as fronteiras não como barreiras, mas como pontes". A exposição é uma proposta de análise dos novos contextos e lógicas relacionais, explicou Guta Moura Guedes.

Outra exposição será no antigo Convento da Trindade, ao Chiado - local onde hoje decorreu a apresentação - intitulada "Identity", que procura ser uma reflexão "a quem trabalha no mundo dos eventos culturais, e até que ponto se constrói uma identidade", disse Moura Guedes que acrescentou: "Perceber também aquilo que nos separa e o que nos une".

Outra exposição, "Metamorphis -- as fronteiras das matérias", nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, vai procurar analisar as utilizações inovadoras de uma matéria-prima portuguesa que é a cortiça e que visa "explorar as suas limitações, as suas últimas fronteiras e as sua capacidade de transformação".

Referindo-se ao mote da EXD'13, Guta Moura Guedes disse: "A questão que estamos a tentar sublinhar é que existem demasiadas fronteiras, e que o desafio que é colocado é conseguir colaborar e aproveitar as redes globais e não nos fecharmos a olhar sobre nós próprios".

Para a diretora da Experimenta Design, "a única forma de Portugal ultrapassar o atual momento, é se pensar além das fronteiras que tem e [neste sentido] o design pode ter um papel fundamental, porque é uma disciplina que tem uma capacidade de olhar transversal como poucas têm".

Outra novidade deste ano é no âmbito dos projetos independentes, em que a Experimenta "comissaria criadores, mas que chama também as empresas", um projeto que se desenvolve na área da "mixmedia", envolvendo novas tecnologias, música e imagem.

Desta forma pretende-se "sublinhar a ponte que o design faz entre a economia e a cultura".

Um outro espaço que receberá a EXD'13 é o auditório do novo edifício do Museu dos Coches, em Belém, que será cenário do Global Design Forum, numa parceria com o London Design Festival, e das Conferências de Lisboa que vão trazer "grandes criadores e nomes muito reconhecidos" à capital portuguesa, disse Moura Guedes.

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