Expedição Oceano Azul. Uma mão cheia de descobertas

Uma nova fonte hidrotermal, jardins de corais que eram desconhecidos e a possibilidade de novas espécies. Estes são alguns dos resultados preliminares da expedição Oceano Azul, que terminou este domingo no mar dos Açores
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Foi um mergulho em zonas menos conhecidas no mar dos Açores e, por isso mesmo, acabou por ficar marcado por uma série de importantes descobertas. Entre elas, a de maior destaque foi provavelmente a identificação de um novo campo hidrotermal, que fica a 60 milhas da ilha do Faial, no monte submarino Gigante, e à menor profundidade de sempre de todos os campos hidrotermais até agora descobertos junto ao arquipélago: 570 metros.

Para os investigadores da expedição Oceano Azul, trata-se de uma "oportunidade única, mais acessível, para conhecermos melhor estes ecossistemas dos quais sabemos ainda muito pouco", como afirmou Emanuel Gonçalves, líder da Expedição Oceano Azul e Administrador da Fundação Oceano Azul, que promoveu a expedição. "Esta descoberta reforça o papel único dos Açores como laboratório natural para o estudo do oceano", sublinhou.

Esta foi também a primeira vez que uma expedição organizada por uma instituição portuguesa, liderada por cientistas portugueses e utilizando navios e meios nacionais localizou um campo hidrotermal em águas profundas no território marítimo nacional.

Os resultados preliminares, anunciados pela fundação, mostram que a expedição "cumpriu os seus objetivos científicos de avaliar as comunidades biológicas das zonas menos conhecidas do mar dos Açores, entre ecossistemas costeiros, de oceano aberto e mar profundo", segundo uma nota da organização.

Juntando 28 investigadores e 96 participantes, a expedição descobriu também jardins de corais e esponjas de profundidade, tendo reconhecido ainda a existência de "comunidades marinhas únicas e isoladas" nas ilhas das Flores e Corvo e avistado uma "maior abundância de peixes nos montes submarinos", para além de "alguns recifes rochosos não costeiros"

O Governo dos Açores, através do secretário do Mar, Ciência e Tecnologia, adiantou que pretende incluir no Parque Marinho da região a fonte hidrotermal descoberta esta semana para "salvaguardar o seu valor ecológico e patrimonial".

"Não tenho dúvidas de que esta expedição representou um forte contributo para os objetivos do Governo Regional no que respeita ao conhecimento e à investigação marinha no arquipélago", sublinhou Gui Menezes, citado em nota de imprensa do executivo.

A expedição científica Oceano Azul teve como objetivo explorar zonas ainda pouco conhecidas do mar dos Açores para promover a conservação marinha, no âmbito do programa "Blue Azores".

A expedição foi organizada pela Fundação Oceano Azul em parceria com a Waitt Foundation (proteção dos oceanos) e a National Geographic Pristine Seas (projeto para salvaguardar zonas intactas dos oceanos), e em colaboração com a Marinha Portuguesa através do Instituto Hidrográfico, o Governo Regional dos Açores e a Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.

Participaram na expedição, além de cientistas nacionais de diversos centros de investigação e universidades, especialistas de universidades e instituições dos Estados Unidos, Austrália e Espanha.

A Fundação Oceano Azul foi criada no ano passado com o objetivo de "reaproximar Portugal do mar". O programa "Blue Azores" é uma pareceria com a Fundação e a Fundação Waitt a três anos para a promoção, proteção e valorização do mar dos Açores.

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