Exército russo recrutou 280 mil soldados desde janeiro

A Rússia não anunciou outra mobilização, vista como uma medida pouco popular, mas liderou uma campanha ativa para atrair mais homens para o exército.
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O ex-presidente da Rússia e atual presidente do Conselho de Segurança, Dimitry Medvedev, disse este domingo que Moscovo recrutou cerca de 280 mil pessoas para o exército desde o início do ano.

"De acordo com dados do Ministério da Defesa, 280 mil pessoas juntaram-se ao exército russo a partir de 1 de janeiro", disse Medvedev, segundo a agência de notícias TASS.

"Parte deles estavam na reserva, parte deles voluntários e outras categorias", acrescentou, durante uma visita à ilha russa de Sakhalin, no Extremo Oriente.

A Rússia não anunciou outra mobilização, vista como uma medida pouco popular, mas liderou uma campanha ativa para atrair mais homens para o exército, à medida que a sua ofensiva na Ucrânia se arrasta.

No início de agosto, Medvedev disse que o exército recrutou cerca de 230 mil pessoas desde o início do ano. A AFP não conseguiu verificar esses números de forma independente.

Desde a primavera, o exército russo tem liderado uma enorme campanha publicitária para recrutar voluntários, com anúncios em massa online e nas ruas russas.

Também procurou atrair futuros soldados prometendo salários mais elevados.

Em setembro do ano passado, o Kremlin inverteu as promessas de não anunciar um recrutamento militar, anunciando uma convocação parcial para compensar as perdas na frente ucraniana que levaram ao recrutamento de 300 mil homens. Mas desencadeou outra onda de emigração da Rússia, com centenas de milhares de pessoas que fugiram para o estrangeiro.

A Rússia encorajou o recrutamento de cidadãos de países vizinhos para combater na Ucrânia, disseram este domingo os serviços secretos britânicos, que atribuíram estes esforços à tentativa de evitar os efeitos políticos de uma mobilização.

"A Rússia quer, provavelmente, evitar medidas de mobilização impopulares no período que antecede as eleições presidenciais de 2024", disseram os peritos britânicos no relatório diário sobre o conflito, divulgado pelo Ministério da Defesa.

As autoridades russas colocaram anúncios na Internet na Arménia e no Cazaquistão, oferecendo 495 mil rublos (4.800 euros, ao câmbio atual) como entrada e um salário de 190 mil rublos (1.800 de euros), referiram.

No caso do Cazaquistão, houve esforços específicos de recrutamento na região de Kostanai, com apelos à população de etnia russa.

Desde pelo menos maio passado, a Rússia tem vindo a tentar aliciar migrantes asiáticos, oferecendo a possibilidade de se juntarem às tropas na Ucrânia em troca de cidadania e de salários até 4.160 dólares (3.800 euros).

Os serviços britânicos disseram também que na cidade ucraniana de Mariupol, ocupada pelas tropas russas, foram confiscados passaportes a imigrantes uzbeques, principalmente trabalhadores da construção civil, como medida de pressão para se juntarem aos combates.

Só na Rússia, há pelo menos seis milhões de imigrantes da Ásia Central que Moscovo vê como "potenciais recrutas", acrescentaram, segundo a agência espanhola Europa Press.

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