Moçambique. Exército tenta recuperar porto ocupado por extremistas islâmicos

Tropas do governo de Moçambique procuram colocar um ponto final a um conflito que já provocou mais de 200 mil deslocados
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As tropas do governo de Moçambique estão a tentar recuperar um porto no extremo norte de Moçambique, que foi invadido por extremistas islâmicos na semana passada.

Centenas de reforços foram colocados à pressa em torno do porto da vila de Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado.

A instalação, que fica perto do local de projetos de gás natural no valor de cerca de 50,6 mil milhões de dólares, foi invadida na terça-feira, quando os fuzileiros navais que resistiram a várias centenas de militantes do Isis ficaram sem munições e foram forçados a retirar-se, relata o jornal inglês The Guardian.

O ministro da defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse na semana passada que os extremistas se infiltraram em partes de Mocímboa da Praia e depois "atacaram a cidade de dentro para fora, causando destruição e a morte de cidadãos indefesos", segundo um relatório do agência de notícias local Zitamar.

O ataque de terça-feira foi o último de uma série por parte de um grupo conhecido como Ahlu Sunnah Wa-Jamaa, que jurou lealdade ao Estado Islâmico no ano passado. A operação extremista durou vários dias, com os primeiros ataques a fechar estradas que fazem a ligação à cidade, eliminando os postos defensivos do governo, antes de um ataque final.

"Este ataque envolveu a maior concentração de insurgentes que já vimos. Foi sofisticado e claramente planeado durante algum tempo. É um sucesso e uma vergonha para o governo, mas eles estão extremamente vulneráveis ​​neste momento", disse Jasmine Opperman, uma analista sul-africana que acompanhou a intensificação do conflito no norte de Moçambique.

Conflito já provocou mais de 200 mil deslocados

Algumas vítimas dos ataques terroristas nos distritos a norte da província de Cabo Delgado estiveram frente a frente com o Presidente da República e manifestaram-lhe o desejo de regressar às suas casas, devido ao sofrimento a que estão sujeitos nas zonas de refúgio, diz o portal moçambicano O País.

"Senhor Presidente, queríamos saber quando essa guerra vai acabar, porque queremos voltar para as nossas casas", questionou esta sexta-feira um dos cidadãos deslocados, durante a visita de Filipe Nyusi a um centro de acomodação de deslocados em Metuge.

Na ocasião, o Chefe de Estado reconheceu preocupação, mas pediu paciência e garantiu que haverá uma solução para o conflito que já provocou mais de 200 mil deslocados.

O governo sofreu uma série de reveses nos esforços em conter o avanço dos extremistas.

Uma força da Ahlu Sunnah Wa-Jamaa ocupou durante breves momentos o centro de Mocímboa da Praia em março, incendiando instalações do governo, incluindo um quartel.Os extremistas invadiram uma segunda cidade e danificaram gravemente a sede da polícia distrital, carregando uma bandeira Ísis.

Outros ataques encontraram resistência limitada. Cerca de 55 soldados do governo morreram numa emboscada bem preparada na semana passada numa estrada de acesso a Mocímboa da Praia enquanto as autoridades procuravam reforçar a guarnição na cidade.

As forças de segurança locais têm número insuficiente, equipamento mínimo e uma moral em baixo. As recentes tentativas de reforçá-las com mercenários estrangeiros caros não parecem ter sido eficazes.

Pelo menos 150 russos ligados ao Grupo Wagner, uma empresa que forneceu mercenários para lutar em vários países africanos, foram destacados no ano passado, mas foram forçados a retirarem-se após sofrerem baixas significativas.

O Dyck Advisory Group, uma empresa de segurança privada sediada na África do Sul, também tem lutado para causar um impacto significativo, mas os seus helicópetros tinham a base demasiado longe de Mocímboa da Praia para intervir de forma eficaz.

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