Exame ao sangue pode detetar cancro da pele na fase inicial
É anunciado como o primeiro teste ao sangue capaz de detetar o melanoma, um tipo de cancro da pele, na sua fase inicial. Foi desenvolvido por um grupo de cientistas australianos e poderá fazer o diagnostico precoce deste agressivo cancro da pele e salvar milhares de vidas. Atualmente, o diagnóstico é baseado num exame clínico efetuado por um médico. Em caso de lesão suspeita, ela é removida cirurgicamente e alvo de biópsia.
Os investigadores da Universidade de Edith Cowan realizaram testes que envolveram 209 pessoas, metade das quais tinha cancro. Os exames realizados detetaram melanoma numa fase inicial em 79% dos casos. As conclusões da investigação foram publicadas terça-feira, dia 17 de julho, na revista biomédica Oncotarget.
O teste ao sangue desenvolvido pelos cientistas deteta este tipo de cancro na pele ao reconhecer os anticorpos que o corpo produz para combater as células cancerígenas numa fase inicial.
"Os anticorpos têm um acesso fácil ao sangue, por isso este teste é fantástico para identificar um cancro na fase inicial", disse Mel Ziman, responsável pelo grupo de investigadores, citado pela CNN.
"Nós analisamos um total de 1.627 tipos diferentes de anticorpos para identificar uma combinação de 10 anticorpos que são os melhores indicadores da presença de melanoma em pacientes afetados em comparação com voluntários saudáveis", especificou Pauline Zaenker, diretora do estudo, em comunicado.
Em declarações à BBC, Zilman refere que na prática clínica de rotina é um pouco difícil afirmar que o melanoma está em estágio inicial e sublinhou o facto de este exame poder contribuir para acelerar o diagnóstico. "O médico pode fazer o teste antes da biópsia", afirmou. "Se pudermos remover o melanoma quando ele tiver menos de 1 milímetro de espessura, pode-se ter entre 98 a 99% de hipótese de sobrevivência", afirmou a cientista sobre este tipo de cancro de pele que se alastra rapidamente pelo corpo, diminuindo "drasticamente" as taxas de sobrevivência.
O próximo passo dos cientistas é chegar aos 90% de precisão nos resultados para que este exame ao sangue possa ser aprovado e distribuído internacionalmente dentro de cinco anos.
Um em cada três cancros detetados é cancro de pele, segundo a Organização Mundial de Saúde. A Austrália tem uma das maiores prevalências de melanoma no mundo, devido aos níveis elevados dos raios ultravioletas, combinados com uma população maioritariamente de origem europeia.
Em Portugal, o cancro da pele está a aumentar. "Estimamos que haja 12 mil novos casos de cancro de pele este ano em Portugal e mil serão de melanoma", afirmou esta quinta-feira à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, Osvaldo Correia.
De acordo com o especialista, os melanomas correspondem entre 5 a 10% de todos os cancros de pele.