Ex-primeira-ministra da Tailândia acusada de negligência
A antiga primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra foi hoje formalmente acusada de negligência no âmbito do caso do programa de subvenção do arroz, implementado durante o seu mandato, arriscando até dez anos de prisão.
"Hoje imputamos a antiga primeira-ministra Yingluck Shinawatra (...) por ter falhado com o seu dever" no que diz respeito ao programa de ajuda aos produtores de arroz, declarou Chutichai Sakhakorn, do gabinete do Procurador-Geral, durante uma conferência de imprensa.
O Supremo Tribunal Tailandês vai decidir, a 19 de março, se aceita ou não dar seguimento ao caso.
A ex-chefe do Governo tailandês declarou-se inocente das acusações relacionadas com o plano de subvenções, que consistia na compra de arroz aos agricultores a preços acima dos praticados no mercado.
Segundo as autoridades tailandesas, o plano resultou em prejuízos na ordem de 518 milhões de baht (cerca de 14 milhões de euros), fomentou a corrupção e causou danos aos agricultores devido ao atraso nos pagamentos.
O presidente da Comissão Nacional Anticorrupção, Panthep Klanarongran, sugeriu esta semana ao Ministério da Economia que interponha uma ação contra Yingluck e que lhe exija o valor equivalente às perdas causadas pelo plano de ajudas.
Yingluck Shinawatra, que dirigiu o governo tailandês até ser destituída pelo Tribunal Constitucional no início de maio do ano passado, chegou a estar detida depois do golpe militar de 2014.
Irmã do antigo chefe do Governo Thaksin Shinawatra, deposto em 2006 por um golpe de Estado, Yingluck Shinawatra foi a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra na Tailândia.
A junta militar é acusada de querer eliminar a influência do clã Shinawatra e, segundo analistas, a interdição da vida política contra Yingluck, aprovada recentemente pelo parlamento, fará parte do processo.
A Tailândia, profundamente dividida entre apoiantes e adversários dos Shinawatra, vive uma crise política recorrente desde o golpe militar de 2006, que derrubou Thaksin, que se encontra no exílio.
Thaksin e os seus aliados ganharam todas as eleições desde 2001.
Os militares tailandeses protagonizaram 19 tentativas golpistas, das quais 12 consumadas, desde a queda da monarquia absoluta em 1932.