Ex-presidente catalão diz que nunca foi corrupto
"Não fui um político corrupto. Nunca fui um político corrupto. Insisto. Nunca recebi dinheiro a troco de qualquer decisão política ou administrativa", afirmou, intervindo perante a Comissão de Assuntos Institucionais do parlamento regional catalão.
"Tentei abrir portas e estabelecer pontes. Fiz muitas vezes isso e estou satisfeito. Esse é um dos trabalhos de um político. E por esse trabalho nunca recebi nada, exceto o meu salário como presidente", afirmou.
Durante a sua comparência inicial, Pujol disse que o comunicado de 25 de julho, em que reconhecia que tinha dinheiro no estrangeiro sem declarar, respondeu à sua "própria pressão moral".
O ex-presidente catalão disse ainda que as críticas que espera ouvir dos grupos políticos serão duras, "mas não tão duras" como as que faz a si próprio.
"Que tenha dinheiro no estrangeiro não significa que a sua origem seja ilícita", afirmou.
Pujol insistiu na postura do comunicado, recordando a história do pai, "um homem ágil que era rico quando morreu" e que sentiu "admiração e medo" do próprio filho, devido às posições políticas.
Segundo explicou, o pai considerava que o filho se "arriscava demasiado na política" e que o dinheiro que o pai lhe deixou no estrangeiro era para a eventualidade de a família ter que sair do país devido à sua oposição ao regime franquista.
Pujol reiterou que, nos anos 1970 "era um homem com dinheiro" que, em vez de "colecionar arte, fazer mais dinheiro, dar a volta ou mundo ou comprar casas", optou por "construir Catalunha, fazer país".
Recorde-se que no dia 25 de julho passado, Pujol emitiu um comunicado em que admite que a sua família não tinha regularizado uma fortuna no valor de mais de quatro milhões de euros, que alega serem provenientes de uma herança e que estavam depositados em bancos em Andorra.
Nesse dia, Jordi Pujol apresentou uma denúncia contra pessoas incertas por terem revelado a existência das contas da família.
A confissão de Pujol causou uma forte convulsão política na Catalunha e no resto de Espanha, com exigências de que o ex-presidente regional renuncie a todos os privilégios de que gozava em função do cargo que ocupou durante 23 anos.