Ex-número dois de Lula da Silva chama PT de "seita" e desfilia-se

Afirma ainda que viu Lula "sucumbir ao pior da política"
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Antonio Palocci, ministro das finanças nos anos dourados do PT de Lula da Silva no poder, desfiliou-se do partido em carta enviada à presidente Gleisi Hoffmann. Uma semana e meia depois de ter denunciado Lula em depoimento ao juiz Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava-Jato, Palocci resolveu antecipar-se à direção do partido, que o ameaçou de expulsão, e desvincular-se por conta própria.

Na carta, aquele que foi considerado o guru económico do antigo presidente e seu possível sucessor pergunta se o PT "é uma partido ou uma seita?". No documento afirma ainda que viu Lula "sucumbir ao pior da política" e que o ex-sindicalista se autoproclamou "homem mais honesto do país" mas atribui todas as ilegalidades de que é acusado à mulher, Marisa Letícia, falecida no início deste ano. "Até quando os presentes, as fazendas, os apartamentos e até o prédio do Instituto Lula serão atribuídos a dona Marisa?", questiona.

O PT, em nota, acusou o agora ex-militante de mentir para escapar à condenação de 12 anos e dois meses a que foi sentenciado. Terça-feira completou-se um ano desde a prisão de Palocci por corrupção.

Em simultâneo, José Dirceu, outro ex-braço-direito de Lula, viu a sua pena de prisão ser aumentada em 10 anos - de 20 para 30 - pelo mesmo tribunal de segunda instância que vai julgar o antigo presidente no início de 2018. O ex-tesoureiro do PT Vaccari Neto, por outro lado, foi absolvido.

Os dois factos - acusações de Palocci e agravamento da pena de Dirceu - foram vistos como golpe duro nas pretensões de Lula de concorrer às presidenciais em 2018, pela generalidade dos observadores.

Em São Paulo

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