Ex-namorada de Ryan Giggs detalha comportamentos abusivos em tribunal

Kate Greville, ex-companheira do jogador, descreveu o que chamou de "padrão" de comportamento controlador e que a levou, a certa altura, a ter pensamentos suicidas
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Um tribunal do Reino Unido ouviu esta terça-feira a ex-namorada do ex-jogador do Manchester United Ryan Giggs contar, em lágrimas, anos de comportamento "agressivo" e manipulador do jogador durante o julgamento por alegadas agressões e controlo coercivo.

No segundo dia do julgamento, o júri assistiu a imagens de uma entrevista policial com a ex-parceira de Giggs, Kate Greville, registada em novembro de 2020, depois de a polícia ter sido chamada à casa do casal após um incidente.

Em lágrimas, Kate descreveu o que chamou de "padrão" de comportamento controlador e disse que isso a levou, em determinada altura, a sentir-se suicida. Giggs, de 48 anos, que até recentemente era técnico da seleção do País de Gales, assistiu às declarações sentado no banco dos réus no Manchester Crown Court esta terça-feira.

O galês nega as acusações, que lhe podem valer uma pena de prisão de até cinco anos. O júri ouviu que Giggs submeteu a sua ex-parceira a uma "litania de abuso, tanto físico quanto psicológico", revelando um "lado sinistro da sua personagem".

Greville, de 36 anos, uma agente de relações públicas que conheceu Giggs através do seu trabalho, disse que "estava loucamente apaixonada por ele", mas que "definitivamente havia bandeiras vermelhas de alerta" desde o início. A promotoria diz que Giggs, a 1 de novembro de 2020, deliberadamente deu uma cabeçada em Greville, ferindo-lhe o lábio, e também deliberadamente deu uma cotovelada na mandíbula da irmã dela quando ela interveio.

O advogado de Giggs, Chris Daw, disse na segunda-feira que o jogador "não usou violência ilegal", mas afirmou que o seu cliente reconheceu que o seu comportamento "a nível moral esteve longe de ser perfeito".

Greville detalhou as suas inúmeras suspeitas de infidelidade, dizendo que Giggs respondia repetidamente com negação agressiva, bloqueando o seu número e dando-lhe o "tratamento do silêncio", antes de implorar para voltar com ela.

"Era como uma batalha constante, mentalmente. Comecei a ter uma ansiedade horrível", disse a relações públicas. Kate descreveu uma discussão no início do seu relacionamento em 2017, quando o casal estava num hotel e ele "literalmente mudou", agarrou-a pelo braço e arrastou-a nua para o corredor, para onde atirou o conteúdo da sua mala. "Essa foi a primeira vez que ele foi agressivo comigo", disse ela.

Greville disse que inicialmente viu Giggs como o seu "salvador", pois quando se conheceram ela era casada com um homem que controlava suas finanças e tinha problemas com a bebida. Mas o ex-jogador fê-la sentir-se "paranóica" sobre as suas próprias percepções do relacionamento, disse, fazendo-a questionar se estaria a ser "uma psicopata". "Eu era apenas ingénua, eu era apenas vulnerável, acho", acrescentou.

Ryan Giggs encerrou a sua carreira em Old Trafford como o jogador mais condecorado da história do futebol inglês. Como jogador, conseguiu um recorde de 963 aparições em 23 anos pelo Manchester United, conquistando 13 títulos da Premier League e dois troféus da Liga dos Campeões.

Começou sua carreira de treinador em Old Trafford, assumindo temporariamente o cargo principal no final da temporada 2013/14, após a demissão de David Moyes, antes de trabalhar como assistente de Louis van Gaal por dois anos.

Giggs foi nomeado selecionador do País de Gales em janeiro de 2018 e ajudou a equipa a garantir a qualificação para o Euro 2020.

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