Desde Junho que a lei prevê que o PIS - numa primeira fase, iniciada em Novembro de 2007, destinado apenas aos antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) - fosse alargado também aos seus familiares.."Há oito meses esta lei está para ser posta em prática, com várias anomalias, e ainda nenhum trabalhador foi examinado. A gota de água foi pedirem taxas moderadoras aos familiares", disse à agência Lusa António Minhoto, presidente da associação e antigo trabalhador ENU, que estava sedeada na Urgeiriça (Nelas)..António Minhoto contou que esse pedido tem-se verificado em alguns centros de saúde quando os familiares vão ao médico de família para terem a consulta onde respondem a um questionário, dando assim início a todo o processo.."Em Santa Comba Dão, alguns familiares de trabalhadores foram ao centro de saúde e foi-lhes colocado esse problema da taxa. O que os tem afastado de irem a essas consultas", lamentou..O dirigente associativo contou que, numa reunião ocorrida no passado sábado, os responsáveis do PIS foram alertados para a situação.."A água transbordou do copo porque na terça-feira em Canas de Senhorim, lugar onde este debate é mais aprofundado e devia haver mais informação, também foi pedida a taxa moderadora a um utente", contou, acrescentando que este acabou por deixar uma queixa no livro de reclamações e ir embora sem fazer a consulta..António Minhoto questionou "como é que se anda há oito meses para se aplicar uma lei e os serviços não estão informados" sobre o PIS, apesar de a associação que preside estar "sistematicamente a chamar a atenção" dos seus responsáveis..Defendeu que este tipo de episódios não pode continuar a acontecer, nem os atrasos em todo o processo.."Neste momento há nove familiares à espera de marcação no hospital, 14 já foram observados pelo médico de família, aguardando o envio do questionário, nove têm consultas agendadas no médico de família, cinco aguardam marcação no médico de família e nove encontram-se na fase de levantamento de dados. Ou seja, na prática nenhuma pessoa foi examinada", lamentou..O responsável considera que a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) não tem prestado a devida informação aos centros de saúde dos distritos de Coimbra, Guarda e Viseu (onde a ENU teve minas a funcionar) e avisou que, no próximo entrave que volte a acontecer ao cumprimento da lei, antigos trabalhadores e familiares sairão à rua em protesto..Contactada pela Lusa, fonte da ARS confirmou que "os beneficiário do PIS, ex-mineiros e familiares, estão isentos de taxas moderadoras, pelo que qualquer cobrança que esteja a ser feita é indevida"..Neste âmbito, "a existirem, a este nível, procedimentos administrativos incorrectos por parte dos centros de saúde envolvidos, serão devidamente corrigidos", assegurou.