Ex-guarda nazi de 93 anos condenado a dois anos de pena suspensa
Um ex-guarda de campo de concentração nazi de 93 anos foi condenado a uma pena suspensa de dois anos de prisão esta quinta-feira, quando um tribunal em Hamburgo o considerou culpado de cumplicidade devido às atrocidades cometidas durante Segunda Guerra Mundial.
Naquele que poderá ser um dos últimos casos de guardas nazis sobreviventes, Bruno Dey foi condenado por ter desempenhado um papel no assassinato de 5230 pessoas quando era um guarda da torre da organização paramilitar SS no campo de concentração de Stutthof, perto do que era então Danzig, agora Gdansk, na Polónia.
Para Marek Dunin-Wasowicz, de 93 anos, que passou vários meses neste campo alemão quando tinha 17 anos, depois de ser preso como suposto membro da resistência polaca, o julgamento de Hamburgo é muito mais do que um simples julgamento sobre se Dey é culpado ou inocente.
"De forma indireta ou direta, participou num massacre. Ele é um criminoso", disse à AFP esse ex-jornalista e escritor, numa entrevista no seu apartamento em Varsóvia.
Dunin-Wasowicz diz-se "indiferente" às declarações de Bruno Dey. Não quer vingança nem desculpas. Mas, "por uma questão de honra", decidiu ser testemunha no julgamento, talvez um dos últimos por crimes nazis, em nome das mais de 60 mil vítimas que morreram neste campo e dos poucos sobreviventes ainda vivos.
O ex-prisioneiro espera que seu testemunho seja ouvido na Alemanha, berço do nazismo, num momento em que a retórica de extrema direita ganha espaço na Europa. "Não queremos ver esses tempos a renascer", insistiu.
Depois de testemunhar no julgamento no ano passado, recorda ter ficado chocado quando uma fila de espera se formou na sua mesa no tribunal. "Vieram pedir perdão em nome dos seus avós e pais. Fiquei surpreendido. Não esperava isso. No coração da Alemanha!", declarou à AFP.