Ex-espião julgado por vender cartas de condução falsas
O homem, de 69 anos, que segundo o processo trabalhou na Direção dos Serviços de Inteligência e Prevenção da Venezuela, onde atingiu o cargo de comissário, está acusado de dez crimes de falsificação de documento.
No julgamento vão estar também oito homens e duas mulheres, com idade entre 26 e 59 anos, que terão comprado ao arguido as cartas de condução para conduzir automóveis ligeiros e pesados de mercadorias.Os presumíveis compradores respondem por crimes de condução sem carta e falsificação de documentos.
Nascido em Portugal, o ex-espião emigrou aos 17 anos para a Venezuela, onde permaneceu durante cerca de 40 anos, tendo adquirido a dupla nacionalidade. Regressou em definitivo a Portugal e instalou-se no concelho de Oliveira do Bairro, dedicando-se à atividade de agente de documentação, após se reformar dos serviços secretos venezuelanos.
O despacho de acusação refere que pelo menos a partir de 2004, o antigo espião passou a fabricar cartas de condução supostamente emitidas pelas autoridades venezuelanas com vista à troca por licenças de condução portuguesas.
Para instruir o requerimento a pedir a troca daquelas cartas, que seria entregue nos serviços de viação nacionais, o arguido forjou ainda cédulas de identidade, certificados de autenticidade de dados e bilhetes de avião, supostamente comprados via internet.
O suspeito vendia todos estes documentos por quantias que variavam entre os 800 e 2000 euros a indivíduos que tinham dificuldade em passar nas provas teóricas e práticas para obtenção de carta de condução de veículos automóveis.
A trama foi descoberta pela Polícia Judiciária de Aveiro que deteve o principal arguido em fevereiro de 2009. Após ter sido presente a primeiro interrogatório, o detido ficou sujeito ao Termo de Identidade e Residência, tal como os restantes arguidos no processo.