Ex-dirigente do PCP diz que única hipótese dos comunistas é o voto contra

O antigo dirigente do PCP Octávio Teixeira considerou hoje que o Orçamento do Estado para 2012 irá agravar uma orientação já "bastante negativa" de mais austeridade, reconhecendo que única hipótese dos comunistas é o voto contra.
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"O Governo vai agravar uma orientação que é bastante negativa e cada vez mais para o país, quer em termos económicos, quer em termos sociais", afirmou o antigo líder parlamentar do PCP, em declarações à Lusa à margem da conferência "Fuga de capitais e programa de agressão - empobrecimento e delapidação do país", organizado pelos comunistas em Lisboa.

Defendendo que a única forma de Portugal recuperar o equilíbrio orçamental, quer a nível externo, quer internamente, é através da economia, Octávio Teixeira sustentou que sem crescimento e desenvolvimento económico o país não conseguirá sair da recessão.

"As orientações, as medidas e as políticas que têm vindo a ser anunciadas apontam todas no sentido de continuar a agravar a austeridade, isso não nos conduz para lado absolutamente nenhum", criticou, antecipando que em 2013, quando se completar o período da aplicação do "pacto de austeridade com a 'troika'", Portugal estará em piores condições do que estava quando o documento foi assinado.

Questionado se entende que o Orçamento do Estado para 2012 deveria conter uma maior aposta na economia, Octávio Teixeira disse que essa é uma premissa "fundamental", não existindo outra hipótese.

"Há muitas pessoas que mesmo que não sendo comunistas e que não sendo de esquerda têm vindo a alertar para isso, que não há hipótese", disse.

Caso contrário, acrescentou, a economia portuguesa terá o mesmo destino do "chamado cavalo inglês: vai-se cortando a ração, cortando a ração, cortando a ração, e quando ele se habitua a deixar de comer, morre".

"É o que pode vir a suceder com a economia portuguesa: é austeridade sobre austeridade e quando não houver mais austeridade para fazer, o país está completamente no fundo", declarou.

Interrogado se defende então que o PCP deverá votar contra o Orçamento do Estado para 2012, cujas linhas gerais irão ser apresentadas aos partidos pelo Governo na quarta-feira de manhã, Octávio Teixeira disse não ter conhecimento da posição dos comunistas, embora tenha reconhecido que não é "difícil adivinhar qual será".

"O Orçamento vai ser no essencial aquilo que está previsto no pacto assinado com a 'troika' acrescido de medidas ainda de maior austeridade do que aquelas que estão previstas, se o PCP se manifestou contra esta via de austeridade sobre austeridade do plano da 'troika', é evidente que, do meu ponto de vista, só lhe resta uma hipótese que é votar contra", frisou.

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